Após deixar a liderança do PMDB nesta quarta-feira, 28, o senador Renan Calheiros (AL) afirmou que não terá uma postura de oposição, mas de independência em relação a Michel Temer. Em entrevista após discursar no Senado, disse que agora estará mais ”à vontade” para criticar o governo. ”Deixei a liderança para ficar à vontade sem as limitações do cargo. Se eu fosse governante eu preferiria ser cercado por pessoas que fazem críticas, não por quem ficasse bajulando o governo”, afirmou o senador. “Nunca deixei de ser independente, até no governo Dilma eu fiz oposição.” A saída de Renan do cargo ocorre em meio ao acirramento da crise política que atinge o Palácio do Planalto, com Temer sendo alvo de denúncia por corrupção passiva pela Procuradoria-Geral da República. ”Pessoas que queriam fazer as reformas trabalhista e da Previdência achavam que bastava tirar a Dilma (Rousseff) para resolver a economia. Mas não foi isso que aconteceu. Isso foi um erro”, afirmou o peemedebista. Segundo Renan, que há algum tempo já havia adotado postura crítica às reformas propostas pelo governo, sua defesa não será pela renúncia de Temer, mas de que o presidente encontre uma solução que ajude o País a sair da crise. ”Não defendo a permanência do presidente Michel Temer pela permanência, nem a saída pela saída. Acho que ele precisa aproveitar a oportunidade para construir a transição, para garantir avanços constitucionais. O Brasil está precisando disso.” A decisão de se afastar da base de Temer envolve também um cálculo eleitoral. Renan deve tentar se reeleger no Senado em 2018 e, para isso, terá que enfrentar a alta rejeição à gestão peemedebista no Planalto em Alagoas, seu Estado. Ao se posicionar contra as reformas, ele tenta se aproximar do discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda bastante popular na região e pré-candidato ao Planalto. Estadão Conteúdo