A cerca de um ano e meio das eleições estaduais, especulações sobre nomes que poderão disputar vagas na Assembleia Legislativa da Bahia já fervilham nos bastidores políticos do Vale do Jiquiriçá. Prefeitos e um ex-prefeito estão postos como possíveis alternativas.
Neste período, muitos pré-candidatos acabam sendo usados por líderes de partidos como espécie de ”balão de ensaio”, ou seja, são lançados para análises de apoio no mercado político e aceitação da população. Dependendo da aceitação, eles seguem no cenário político, trabalham para ganhar musculatura, ou retiram o time de campo antes mesmo de o jogo começar.
É como se fosse um jogo de xadrez, com peças e funções distintas. Os caíques das siglas partidárias vão colocando no tabuleiro e analisando como essas peças se movem. Alguns nomes ganham projeção e podem influenciar no cenário político estadual, independente de candidatura a deputado.
No território com 20 municípios, prefeitos reeleitos não escondem o desejo em galgar voos maiores.
Danilo de Nova Itarana
Reeleito prefeito de Nova Itarana aos 36 anos, com 87,44% dos votos, maior percentual proporcionalmente na Bahia, Antonio Danilo (PSD), por exemplo, tem dado mostras de que poderá renunciar ao cargo e passar o bastão para a vice Dedé, do PP, de 67 anos, e tentar chegar ao cargo de parlamentar baiano. Contudo, Danilo de Zéu, apelido que faz referência ao sei pai e ex-prefeito, apesar de ser tido como nome leve pelos prefeitos, escolhido em janeiro último pelos gestores como presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável do Vale do Jiquiriçá teria que tornar seu nome mais conhecido e firmar alianças que possam alavancar sua candidatura, pois, Nova Itarana, com pouco mais de 6 mil eleitores figura entre os pequenos colégios eleitorais.
Giuliano de Jaguaquara
Ex-prefeito por dois mandatos de Jaguaquara, município que concentra o maior número de eleitores no território, com mais de 33 mil aptos a votar, Giuliano Martinelli do PP conseguiu emplacar, nas eleições de 2020, a sua então secretária de Desenvolvimento Social como candidata a prefeita e, numa disputa acirrada que dividiu a Toca da Onça, Edione Agostinone do PP venceu Raimundo Louzado do PSD com 58 votos de diferença. Edione teve 47,14% dos votos. Foram 11.685 votos no total, contra 46,91% – 11.627 votos obtidos por Raimundo. A eleição em Jaguaquara teve 20,23% de abstenção, e o grupo de oposição a Martinelli, que teve como um dos líderes o seu ex-aliado, o ex-prefeito Ademir Moreira, saiu fortalecido das urnas mesmo amargando a derrota. Agora, Martinelli ensaia candidatura a deputado, depois de romper com quem poderia ser o seu maior cabo eleitoral, o ex-deputado estadual Zé Cocá (PP), atual prefeito de Jequié e presidente da União dos Municípios da Bahia. No dia (7) de junho, Giuliano, que até então era considerado afilhado político do vice-governador João Leão, cacique do PP baiano, anunciou apoio ao ex-prefeito de Salvador e virtual candidato ao Governo da Bahia, ACM Neto, presidente do Democratas, que deverá ser o seu futuro partido. Dias após tentar colar sua imagem a de Neto, Martinelli obteve vitória na Câmara de Vereadores de Jaguaquara, tendo aprovação, por parte da maioria absoluta dos edis, 12 votos a 3, de contas do seu mandato relativas ao exercício de 2018 reprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios, mas ainda precisará do aval da Câmara para aprovação de outras contas rejeitadas.
No entanto, Martinelli é classificado como um político do estilo pouco conciliatório e não goza de boa relação com a maioria dos prefeitos da região. Um dia após as eleições de 2018, quando o seu então correligionário Zé Cocá foi eleito deputado estadual e obteve expressiva votação mesmo sem o apoio de outros prefeitos do território, tornando-se majoritário nas principais cidades, Giuliano concedeu entrevista a uma emissora de rádio de Jaguaquara e, à época, disse em alto e bom som que a luz vermelha acendeu para os colegas gestores, muitos dos quais foram reeleitos em 2020.
Apesar do aparente desgaste, o ex-prefeito mantém forte influência no governo de Edione, maior colégio eleitoral do Vale, mas assiste a prefeita caminhar entre o seu projeto e o de Zé Cocá, que deverá indicar um nome na disputa por vaga na Assembleia e o mais cotado é Hassan Iousseff , secretário de Governo da Prefeitura de Jequié. Pessoas próximas de Martinelli dizem que lhe faltou habilidade política ao romper com Cocá e Leão, e que o mesmo já te um plano B em caso de desistência: ser coordenador regional da campanha de ACM.
Emerson de Santa Inês
Quem também aparece na lista dos virtuais candidatos é Emerson Eloi, do PT, reeleito prefeito de Santa Inês com vitória acachapante, obtendo 83,07% dos votos válidos, ou seja, 4.862, ao derrotar Júnior de Valdélia, do PCdoB, que conquistou 16,93%, 991 votos. O trabalho de Emerson em Santa Inês, tanto do ponto de vista administrativo quanto organizacional é bem avaliado em toda a região, na chamada pesquisa boca a boca, com ações na Ifraestrutura que mudaram o aspecto urbanístico da cidade, destacando Santa Inês quando comparada com outros municípios, porém, Emerson é também apontado como político de perfil reservado, que não se abre ao diálogo com colegas prefeitos, o que dificultaria as alianças. A escolha do professor e ex-secretário municipal Erivaldo Santana, o Pery, para composição da chapa em 2020 e eleito vice-prefeito pelo mesmo partido até que alimenta a esperança de seus seguidores de que Emerson poderá renunciar ao cargo para candidatar-se, mas, apesar de adepto das redes sociais, com aparições intensas na Web propagando o seu elogiado governo, não dar pistas sobre pretensões futuras.
Júlio de Amargosa
Júlio Pinheiro (PT), de Amargosa, segundo maior colégio eleitoral do Vale, 28 mil eleitores, é outro mandatário com gestão bem avaliada, foi reeleito com 72,76% dos votos válidos, 14.169 votos no total, contra 27,24%, 5.305 votos obtidos pela adversária Karina Silva do PCdoB. Cogitado, afirmou em recente contato com o Blog Marcos Frahm, que não passam de especulações as informações sobre sua saída da Prefeitura para candidatura a deputado. Caso aceitasse o desafio de concorrer a deputado, poderia ganhar apoio do governador Rui Costa (PT), que não poupa elogios a sua administração.
Cezar de Milagres
Cezar de Aderio, do PP, foi eleito prefeito de Milagres em 2016, quebrando a hegemonia política do Município, ao derrotar o grupo liderado pelo ex-prefeito Galego do PR, que governava há vários anos. Em 2020, foi reeleito e teve 60,94% dos votos. Foram 4.400 votos no total, vencendo o filho de Galego, Conrado Neto, do PSD, que ficou em segundo lugar com 38,50%, 2.780 votos. Além de exercer o cargo de chefe do Executivo Cezar é empresário bem sucedido, atuando no ramo de combustíveis e, após a sucessão municipal teve o nome ventilado para candidatura a deputado, mas não alimenta os rumores. Contudo, tem dado amplo destaque as ações sociais da gestão, nesse período de pandemia, que vem fazendo distribuição de toneladas de alimentos.