Quem publicou ”desafio do desodorante”, trend de aplicativos de vídeos curtos, pode pegar 30 anos de prisão

Sarah Raíssa de Castro, 8 anos, inalou desodorante graças a uma trend. Foto: Rede social

O ”desafio do desodorante”, trend de aplicativos de vídeos curtos que levou Sarah Raíssa Pereira de Castro, 8 anos, a inalar gás de desodorante aerossol na última semana, segue em apuração pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Sarah teve morte cerebral no último domingo (13/4). Os responsáveis pela publicação dos vídeos podem pegar até 30 anos de prisão.

Delegado-chefe da 15ª DP, João Ataliba Neto. Foto: Reprodução/Metrópoles

O que aconteceu

Segundo a PCDF, Sarah Raíssa Pereira de Castro deu entrada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) na quinta-feira (10/4), após ter inalado gás de desodorante.  A menina foi influenciada por uma trend – algo que se tornou popular – em um aplicativo de vídeos curtos.   Sarah teve uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada após uma hora de tentativas por parte dos médicos. Ela, no entanto, não respondeu mais a estímulos e teve constatada a morte cerebral no último domingo (13/4).  Agora, a PCDF investiga como a criança teve acesso ao referido desafio. O caso é apurado pela 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro).

Pai quer justiça

Ainda em busca de justiça, o pai de Sarah, Cássio Maurilio, posicionou-se a favor de uma regulamentação para as redes sociais que atuam no país. Em entrevista ao Metrópoles nesta quarta-feira (15/4), Cássio Maurilio defendeu que, além de uma supervisão dos pais, é preciso que as plataformas tenham responsabilidade sobre o que circula dentro delas. ”Elas [plataformas] têm que ter responsabilidade sobre o tipo de vídeo que elas estão transmitindo e para qual tipo de público. Porque, hoje em dia, toda criança tem um celular, o mundo está conectado, está muito fácil o acesso”, disse.

Um dia antes, no enterro da filha, Cássio já havia dito à imprensa que pretende processar o aplicativo acessado por Sarah e também a marca do desodorante que ela inalou. Para ele, o app e a empresa do produto ”são igualmente responsáveis pela morte” da menina. ”A plataforma não cria mecanismos para impedir conteúdos perigosos publicados [na rede]. […] A empresa do desodorante, por sua vez, não fala sobre o risco de morte caso o produto seja inalado. Todo material que oferece risco iminente de morte tem que ter [isso] escrito. Os antitranspirantes que eu olhei não têm [informações] sobre o risco”, disse.