Último fim de semana de agosto marcado pelo derramamento de sangue. Cerca de dez mortas por armas de fogo em bairros diferentes em 48 horas (28, 29 e 30.08.15). [Matança igual ocorreu três anos atrás, nessa mesma época, quando do assassinado do soldado Jurandy Oliveira] Maioria jovens, vítimas de uma violência que parece nunca ter fim. Em Jequié e Região, o sentimento é que a segurança está em queda livre e que vivemos em um verdadeiro mundo ‘cada um por si’. Homicídios, ataques a agências bancárias e correios com consequências desastrosas em Jequié, Jaguaquara, Lafaiete Coutinho, Lajedo do Tabocal, Ubaíra. População refém do medo. E o que faz o governo para impedir que tudo isso aconteça?
A sociedade, por sua vez, deve cobrar uma atitude firme do governo contra os bandidos. Mas prefere o silêncio. Assim como a violência foi criada e se expande, ela pode, perfeitamente, ser contida. Um questão de querer. Mas, em face da inércia do governo e da própria população não haveremos de experimentar mudanças. Estamos esperando o que mesmo para reagir?
É por conta dessa passividade que Jequié não conquista mais nada e ainda perde o que tem. Sonhos adiados, perspectivas desanimadoras. Realidade cruel essa de ficar a espera por um ‘salvador da pátria’. Não podemos criar falsas expectativas. Primeiro, a sociedade precisa mudar sua postura diante dos acontecimentos.
Acreditamos que é chegada a hora de se criar um Fórum Regional Permanente de Diálogo com participação dos prefeitos, representantes das câmaras de vereadores, sindicatos, associações, clubes de serviços, instituições como Uesb, OAB, CDL e outros dos municípios que compõem a microrregião de Jequié, motivados pelos territórios de identidade do ‘Médio Rio das Contas’ e do ‘Vale do Jiquiriçá’, com a finalidade de discutir sugestões de políticas públicas bem como deliberar sobre questões do interesse regional de maneira sistemática.
Não haveremos de fortalecer as nossas potencialidades com dirigentes de instituições que insistem em se curvar ao governo. O que se espera é uma atuação autônoma em defesa dos interesses da região, deixando de lado interesses particulares e partidários.
Não se trata de atribuir culpa do que vem acontecendo ou que tem deixado de acontecer em quer que seja e sim chamar a todos a grande responsabilidade que cada um tem no sentido de contribuir para melhorar as condições de vida da população regional.
E o combate à violência passa, necessariamente, pelo desenvolvimento socioeconômico – geração de emprego, qualidade da educação, acesso amplo a serviços de saúde, mobilidade.
Acreditamos que a atuação do Fórum Permanente seria de fundamental importância na luta pelo fortalecimento da universidade, na construção de um novo aeroporto regional, na instalação de empresas, na implantação de serviços públicos.
A sociedade organizada e a população em geral não devem ficar sempre a esperar ações espontâneas do governo. Tem que correr atrás. Se não fizermos isso, fatalmente, continuaremos nessa vidinha miserável de faz de conta. É chegada a hora de trocar a lerdeza por atitudes firmes.
*Por Souza Andrade