A Justiça de Santa Catarina determinou na sexta-feira (17) o afastamento por 180 dias das salas de aula do professor Rubenval Sérgio Duarte, após viralizar na internet um vídeo em que ele elogia o líder nazista Adolf Hitler, em uma escola estadual de Imbituba (90 km de Florianópolis). A fala foi gravada por um estudante na segunda (13).
No vídeo, o professor de História afirma nutrir “uma admiração muito grande por Hitler”. Perguntado pelos estudantes se ele concordava com o que o ditador havia feito, ele respondeu que “sim, claro”. Antes, perguntou se alguém estava gravando.
No Instagram, o professor afirmou que a fala foi tirada de contexto e que estuda a história de Hitler. “Em nenhum momento realizo apologia ao nazismo ou imponho nada aos meus alunos. Como professor de História, ao falar da Segunda Guerra Mundial, é inevitável falar sobre Hitler.”
“Declaro que não compactuo nem faço apologia ao nazismo”, acrescentou.
Ainda de acordo com Duarte, ao responder que concordava com os feitos de Hitler, referia-se à “capacidade do governo no sentido de evolução econômica”.
Segundo o professor, “Hitler se tornou chanceler em 1933, ele introduziu políticas destinadas a melhorar a economia, e esse era o assunto naquele momento. Minha fala foi cortada e as pessoas lhe atribuíram outra conotação”, disse.
A Promotoria chegou a pedir a prisão de Duarte, mas a Justiça negou.
Esse é o segundo afastamento dele das salas de aula em seis meses, pelo mesmo motivo. Em outubro de 2022, o servidor elogiou Hitler em um grupo de WhatsApp. Na ocasião, ele disse que gostaria de ser “o cara responsável por colocar eleitores do PT (Partido dos Trabalhadores) em uma câmara de gás”. Também escreveu que Hitler foi melhor do que Jesus, pois “expurgou o que não prestava”.
Por essa postagem, ele foi indiciado pelos crimes de apologia ao racismo e discriminação racial. A Folha não conseguiu localizar a defesa de Duarte.
Na época, Duarte foi afastado por 90 dias. Após voltar a lecionar, foi gravado por estudantes, em vídeo compartilhado nas redes sociais.
Sobre indagar se alguém estava gravando, o professor escreveu nas redes sociais que “foi porque em outra ocasião minha fala já havia sido cortada pela metade e deturpada, como novamente aconteceu”.
No indiciamento relativo às postagens de outubro, a Polícia Civil recebeu as denúncias sobre as falas do professor, ouviu testemunhas e realizou mandados de busca e apreensão.
O celular pessoal de Duarte continha as mensagens originais encaminhadas ao grupo de WhatsApp, o que corroborou, segundo a polícia, com as acusações. Já o vídeo em que elogia Hitler em sala foi anexado ao inquérito e usado para confirmar o indiciamento.
“Esse fato evidencia que o representado, não obstante ter sido afastado outrora da atividade docente, voltou a disseminar discurso de ideologia nazista, expondo a risco a incolumidade psíquica de crianças e adolescentes”, afirmou o promotor Rodrigo Millen Carlin, responsável pelo caso.
Yuri Eiras/Folhapress