Por recomendação médica, o presidente Lula (PT) vai participar por videoconferência da reunião dos Brics. A delegação brasileira será chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A decisão foi comunicada neste domingo (20) após o presidente brasileiro sofrer um acidente doméstico na véspera. Ele escorregou no banheiro, bateu a cabeça e teve de levar pontos. Lula passa bem.
”O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por orientação médica, não viajará para a Cúpula dos Brics, em Kazan, devido a um impedimento temporário para viagens de avião de longa duração”, diz a Secretária de Comunicação do governo.
O comunicado oficial ainda afirma que Lula terá agenda de trabalho em Brasília durante a semana e que participará da ”Cúpula dos Brics por meio de videoconferência”. Mauro Vieira se encontrou com Lula neste domingo antes de embarcar para Kazan, na Rússia. Ele foi convocado pelo presidente para chefiar a delegação brasileira em território russo.
Depois da reunião, o Itamaraty publicou nota à imprensa que confirmava a viagem de Vieira. ”O Ministro embarca esta noite para participar da reunião”, diz. Esta será a primeira reunião da cúpula dos Brics desde que o bloco se expandiu, com a entrada de quatro novos países. Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Egito e Irã entraram no grupo no início do ano.
O bloco ainda é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A Arábia Saudita também foi convidada a entrar no grupo, mas ainda não decidiu pela adesão. A Argentina declinou o convite após Javier Milei assumir a Presidência. A viagem a Kazan marcaria o primeiro encontro entre Lula e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, desde que o petista assumiu seu terceiro mandato na Presidência da República.
Os dois conversaram por telefone em setembro. Tratava-se de uma tentativa de Brasil e China de propor um cessar-fogo na Ucrânia. Putin manifestou solidariedade a Lula pelo enfrentamento dos incêndios florestais. Na Rússia, Lula tinha encontro bilateral confirmado com o chefe russo. O presidente brasileiro ainda se reuniria a portas fechadas com o presidente da China, Xi Jinping, e do Irã, Masoud Pezeshkian.
A reunião dos Brics terá a presença de mais de 20 líderes internacionais. O secretário-geral da ONU, António Guterres, confirmou a participação. O encontro ocorre em momento de escalada das tensões no Oriente Médio e da manutenção, por 2 anos e 8 meses, da guerra na Ucrânia.
O conselheiro diplomático do Kremlin, Iuri Uchakov, afirmou que a reunião em Kazan, ao reunir o Sul e o Leste globais, deve permitir que o Brics construa, ”tijolo por tijolo, uma ponte para uma ordem mundial mais justa”.
Além do Brasil, a Arábia Saudita também não enviará seu líder máximo, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. É mais uma sinalização de que o país pode não aderir aos Brics. Os sauditas serão representados pelo ministro das Relações Exteriores.
*por Cézar Feitoza, Folhapress