A presidente Dilma Rousseff ressaltou o ”compromisso” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o equilíbrio fiscal e o controle da inflação, em sua primeira entrevista à imprensa após ter sido anunciada a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil. Ela também fez questão de destacar que Lula seguirá investigado e que a nomeação não afeta os rumos da Operação Lava Jato. Perguntada por jornalistas se Lula teria “superpoderes”, a presidente tentou minimizar a possibilidade de seu antecessor, e principal fiador político, atuar de fato como uma espécie de primeiro-ministro, o que esvaziaria seu poder no cargo. “Tem seis anos [tempo de mandato] que vocês [jornalistas] tentam me separar do Lula. A minha relação com o Lula não é uma relação de poderes ou superpoderes. A minha relação com Lula é uma sólida relação de quem constrói um projeto juntos. Então o presidente Lula, no meu governo, terá os poderes necessários para nos ajudar, para ajudar sobretudo o Brasil. Tudo o que ele puder fazer para ajudar o Brasil será feito”, afirmou a presidente. ”Vamos falar a verdade. A vinda do Lula para meu governo fortalece meu governo, e tem gente que não quer ver ele fortalecido. Sinto muito. Ele vem, ele vai ajudar. Nós vamos olhar a questão da retomada do crescimento, da estabilidade fiscal e do controle da inflação.” A presidente ainda rebateu a afirmação de que Lula teria sido nomeado ministro como forma de fugir da jurisdição do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância. Como ministro, Lula só pode ser investigado no STF (Supremo Tribunal Federal). ”Então, por trás dessa afirmação de que seria se esconder [da Justiça], estaria uma desconfiança da Suprema Corte do país? É isso que as oposições querem colocar?”, afirmou Dilma. “A única diferença que existe em ser investigado na primeira instância ou na última é quem é a corte que manda investigar. Prerrogativa de foro não é impedir a investigação, é fazê-la em determinada instância e não em outra”, afirmou.