A cada dia, os boletins informam a situação atual da covid-19 nos locais e estas ocorrências de casos confirmados vão revelando se estamos perto ou longe de vencer a guerra contra a doença. Nesta semana, a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) divulgou que pesquisadores da instituição desenvolveram um novo tipo de cálculo que pode ajudar a entender ainda mais a tal curva de casos. A ideia é poder contribuir para que as autoridades possam tomar melhores decisões de saúde pública.
Publicado na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, o modelo matemático proposto ajuda a enxergar e comparar as curvas da pandemia, quantificando a aceleração dos novos casos diários confirmados e também das mortes. A princípio, é preciso entender que a curva epidemiológica de casos novos ou óbitos num gráfico apresentam três níveis: fase de crescimento, pico e queda.
Professor do curso de Medicina da Uefs, Airandes de Sousa Pinto explica que a avaliação do avanço atualmente tem sido feita de forma qualitativa, na base “do olho”. Se está mais para cima, indica mais casos a cada dia; se está caindo, menos casos a cada dia. O novo modelo permitiria, de fato, calcular a variação instantânea, o valor numérico em cada ponto da curva.
”Como não é uma reta, muda a cada instante. Tão importante quanto saber o número de casos novos por dia, é saber como estes casos estão acelerando, qual a força de crescimento destes casos. Então, o gestor tem como avaliar quantitativamente, por números, qual o efeito de suas medidas”, explica o pesquisador, que desenvolveu a ferramenta durante seu doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde estudou doenças cardiovasculares.
Com a chegada da pandemia, o modelo do doutorado foi adaptado para a análise das curvas de covid-19. O trabalho contou ainda com a contribuição de outros pesquisadores da Uefs, como Carlos Alberto Rodrigues, professor de Ciências da Computação; do professor Edval Gomes dos Santos Júnior, do curso e dos estudantes Paulo Cesar Mendes Nunes e Matheus Gomes Reis Costa, todos de Medicina. Participou ainda Manoel Otávio, titular de clínica médica da UFMG e reconhecido na área de pesquisa em infectologia.
O estudo pode ser conferido aqui.