Ouvido mais de 38 milhões de vezes na web, destaque do arrocha Natanzinho Lima revela: ”Meu sonho era ser caminhoneiro”

O destino e o desejo reservavam outro futuro para Natanzinho Lima, o artista mais ouvido de setembro na plataforma Sua Música e dono de um perfil com mais de 38,4 milhões de seguidores. Se fosse seguir à risca a fama da cidade e o próprio sonho, o jovem de 21 anos estaria sim rodando o país, mas no comando de um caminhão.

Natural de Itabaiana, município no agreste sergipano conhecido nacionalmente como a Capital Nacional do Caminhão (com direito a lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2011), Natanzinho Lima se transformou em um dos maiores nomes do arrocha em 2024, chamando a atenção do público e de grandes estrelas da música, como Wesley Safadão e Gusttavo Lima.

Mas, para chegar até os palcos, foi preciso convencer um adolescente, que não tinha a música como primeira opção de carreira na vida e nem era o maior entusiasta do arrocha na infância, de que aquele era o caminho a ser seguido.

”Meu sonho era ser caminhoneiro, não pensava em música, não entendia nada. Antigamente eu não ouvia muito arrocha não. Só que viralizou um vídeo nas redes sociais, que era eu na escola batucando e cantando na sala de aula, e aí comecei a me apaixonar pelo arrocha. Depois ganhei um CD de uns empresários enquanto eu vendia castanha, aí comecei a fazer festinha de aniversário e comecei a ganhar um dinheirinho”, relembra o artista em entrevista ao Bahia Notícias.

Natanzinho conta que chegou a duvidar que poderia seguir a carreira na música. Na época em que dividia a música com a venda de castanhas na cidade de Itabaiana, o cantor precisou colocar na balança o que iria dar mais lucro.

”Quando comecei a ganhar um dinheirinho pensei: ‘Rapaz… Será que é isso mesmo que quero para minha vida?’ Depois peguei mais amor pela música e percebi que era isso que eu queria. Hoje mesmo eu só vivo de música, na estrada. No começo deu um medo, porque comecei a ganhar um dinheirinho. Eu vendia castanha com meu pai e cantava no final de semana. Eu cantava duas horas de relógio e ganhava R$ 100, ali percebi que ganhava mais e decidi seguir.”

O SEGREDO DO SUCESSO DE NATANZINHO LIMA
O dinheiro falou mais alto em um momento, mas, após engrenar na carreira, Natanzinho descobriu a paixão pela música e passou a se dedicar ainda mais em aperfeiçoar a técnica. ”No começo eu gostava mesmo era da máquina do dinheiro, depois comecei a gostar da música e aprender o que era aquilo ali. Já pensei em desistir um monte de vezes, já tem cinco anos que toco e foi realmente uma questão de construção”.

O jovem, que trocou as festinhas de aniversário pelos principais palcos do Brasil, chegando a dividir espaço com grandes nomes da cena e alcançando a marca de 16,8 milhões de plays em um único CD no Sua Música, conta que teve uma virada de chave ao iniciar o contato com Wesley Safadão para mostrar seu trabalho.

”Foi uma virada de chave que eu não sei muito explicar. Eu tenho muita fé em Deus porque nunca imaginei que um dia iria cantar com Wesley e Gusttavo Lima, mas veio esse projeto que deu uma força muito grande ao arrocha. Safadão gostou muito do meu projeto, deu uma força a gente. Eu só agradeço a Deus.”

Segundo Natanzinho, o diferencial para chamar a atenção de outras regiões para um ritmo que sempre foi muito local, foi como ele pensou em inovar e fazer diferente dos colegas.

”A gente canta um ritmo que é um arrocha com um brega. A gente pegou o brega, alguns elementos dele, inovou, colocou algumas músicas novas de Marília Mendonça, Cristiano Araújo, misturada com um Zé Ramalho, Tribalistas. Juntamos uma guitarrinha bem gostosa, que lembra Silvanno Salles, e dessa forma conseguimos entrar em uma região que o arrocha não entrava. Foi isso que chamou a atenção de Gusttavo e de Wesley”, contou.

Para o artista, ver tantos nomes espalhados pelo país e fazendo sucesso em estados onde o arrocha não era consumido, é motivo de celebração. ”Existia uma bolha no arrocha, era algo que só a nossa região consumia e que não tinha aquele valor. Hoje, com tanta gente acreditando no nosso ritmo, podemos ver várias pessoas estourando, e assim a gente pode mostrar que o arrocha é um ritmo legal e rentável.”

NOVA GERAÇÃO DO ARROCHA EM SERGIPE
De onde saiu Natanzinho tem muito mais. Apesar do arrocha ter nascido na Bahia, mais especificamente na cidade de Candeias, atualmente, o estado que mais produz talentos no gênero musical é Sergipe.

Na ponta do lápis, 308,5 km separam Candeias de Itabaiana, cidade onde nasceu o arrocha e do outro lado, o município onde Natanzinho nasceu e foi criado. Mas a distância de pouco mais de 5h, é reduzida em minutos e também em espaço quando os corpos estão colados dançando o 180º, 180º, 360º.

Para se ter uma ideia, no Top 10 do Sua Música, além de Natanzinho, outros dois nomes que são representantes de Sergipe figuram na lista, Nadson O Ferinha (Tobias Barreto) e Heitor Costa (Natural do Acre, mas se diz sergipano de coração).

Natanzinho aparece três vezes, Heitor duas e Nadson uma só. Os artistas dividem o pódio com Wesley Safadão no projeto ‘Arrocha Safadão’, e Milsinho Toque Dez, dono da agenda mais cheia do São João de 2024.

Ao Bahia Notícias, Natanzinho falou sobre o orgulho de vir da terra que mais tem exportado talentos do gênero, como Devinho Novaes (Aracaju), Nadson, Unha Pintada (Simão Dias), Klessinha (Areia Branca), Symone Morena (Nossa Senhora do Socorro) e outros, e as inspirações.

”Eu gosto muito da história do Devinho Novaes, eu gosto muito de observar toda a cena do arrocha e me inspirar em todos. Mesmo que cada um tenha a sua identidade, gosto de prestigiar o trabalho de todos e ouvir todos, e ali mostrar o meu diferencial”.

Após conquistar o Brasil, e o mundo, com direito a dancinha de Will Smith nos bastidores do Rock in Rio, o futuro a Deus pertence para Natanzinho Lima, mas o limite é o céu. Ao site, o cantor afirmou que deseja continuar rodando o país com a música dele e alcançar o estrelato nacionalmente, com portas abertas para o arrocha.