O que ameaça a pureza de nossas crianças não está exposto em Mostras de arte crítica, mas nos meios de comunicação de um modo geral, formando um senso comum de injustificável tolerância.
“Só putaria e sacanagem”, como disse o blogueiro de orientação neonazista, fã de Bolsonaro, sobre a exposição Queermuseu, fechada após protestos de uma turba que dissimula preocupação com a moral e os bons costumes.
Os agentes da Polícia Moral, os bandalhos de movimentos de extrema-direita, desde o golpe à democracia não se manifestam sobre a imoralidade praticada por homens públicos, em vários poderes e que não sai de cartaz.
Do início da Operação Lava Jato até aqui, foram muitas as indecências envolvendo agentes da lei e investigados por vários tipos de crimes.
É até difícil eleger uma imagem que simbolize a degradação moral a que fomos expostos.
Deputados e senadores investigados por corrupção condenando uma presidenta eleita sem crime?
É pouco para retratar.
A obscenidade do golpe envolveu mais atores e isso está mais que provado.
A cena da entrega do prêmio de uma revista aos brasileiros que se destacaram por ‘bons serviços’ prestados ao país em 2016, reúne a mídia, os representantes do mercado, o PSDB e o judiciário.
O premiado como Brasileiro do Ano é hoje o primeiro presidente acusado por corrupção e obstrução de justiça. Michel Temer, segundo inquérito da Polícia federal, é o chefe da organização criminosa do PMDB que há anos vem pilhando estatais. Seus amigos e auxiliares diretos estão presos e sua agenda se concentra em desviar de novas denúncias.
O juiz Sérgio Moro, simbolizando a justiça no prêmio, segue alvo de críticas por sua atuação ímpar com seletividade e abusos.
Como esquecer a faceirice de Moro com o senador Aécio Neves, investigado por corrupção, com pedido de prisão engavetado no Supremo Tribunal Federal?
Essa foto emblemática merece destaque em qualquer Mostra que represente condutas imorais para despertar senso crítico.
É bater os olhos é ver a suruba de valores corrompidos.
O despudor como ameaça é inquestionável.
*Por Luciana Oliveira / Jornalista de Porto Velho, Rondônia, e membro da Comissão Nacional de Blogueiros