Perguntam-me como ACM Neto saiu desta eleição do nosso ponto de vista. Circunstancialmente mal, administrativamente na mesma e politicamente derrotado. Em miúdos, se em 2012 ele proclamava que Salvador tinha condições de caminhar com as próprias pernas, agora mais que nunca tem de provar.
Após uma campanha pauleira total, a de 2012, ACM Neto assumiu e baixou o tom. Natural, virou prefeito, em vez de blá-blá-blá, o negócio era governar. Jaques Wagner, que muito apanhou com o seu helicóptero, até agenciou um encontro dele com Dilma.
Na época, Neto disse à presidente:
– Eu usava o microfone porque só tinha o microfone. Agora tenho a caneta.
Mas este ano voltou ao microfone em dose dupla. Foi o grande articulador da união das oposições em torno de Paulo Souto. Encarnou a figura de líder da oposição. Perdeu.
Se no primeiro turno deixou a campanha correr no terreno doméstico, por falta de referências federais, no segundo, com o renascer de Aécio Neves, entrou de corpo e alma no projeto (única opção, aliás). Perdeu de novo.
Queria encurtar o seu caminho rumo ao futuro buscando amparo noutras pernas, já que as de Salvador dão para andar, mas são curtas para chegar aonde ele quer.
Vai ter que andar devagar. Saiu da campanha brigado com Rui Costa, o governador eleito, e afastado de Dilma.
BRT – Nessa de caminhar com as próprias pernas, ACM Neto está fazendo caixa para deflagrar uma série de obras. Fica dependendo do governo no BRT, no qual ele pede R$ 300 milhões do PAC da Mobilidade e R$ 500 milhões de financiamento na Caixa.
Só falta se ajustar com Rui Costa.
Por Levi Vasconcelos