A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, disse durante entrevista no Jornal Nacional desta quarta-feira que não sabia das irregularidades do avião que caiu em Santos, matando o então candidato Eduardo Campos. Marina afirmou, entretanto, que não tem medo das investigações da Polícia Federal. “Nosso interesse é que (a investigação) seja feita com todo o rigor, e para que não se cometa uma injustiça com a memória do candidato Eduardo Campos”, afirmou. Segundo as denúncias, a compra do Cessna Citation foi feita em uma operação com empresas fantasmas. Seis empresas e pessoas fizeram a transferência de R$ 1,7 milhão para a AF Andrade em troca do uso do jato. Firme em suas respostas, a ex-senadora disse que a informação que tinha é que o avião seria usado como empréstimo, e que o ressarcimento seria feito ao final da campanha. Interrompendo, o jornalista William Bonner perguntou no que difere esse comportamento da candidata com o de outros políticos que sempre dizem não saber nada nos escândalos de corrupção. “Difere em não ser um discurso usado em todas as situações“, retrucou. “Desejo que as investigações de fato sejam feitas. A verdade virá“. Ainda insistindo na questão, Bonner quis saber se não teria faltado um “rigor ético” (que é tema constante dos ataques da ex-senadora a seus rivais) antes de usar o avião. “Rigor é tomar as informações em relação à forma como o avião estava prestando o serviço, e era como empréstimo“, sentenciou Marina. “Com relação aos empresários, eu, como todos os brasileiros, estou aguardando“, afirmou.
Nova Política
Marina precisou responder a Bonner sobre a parceria com Beto Albuquerque (PSB), político escolhido para completar a sua chapa com vice-presidente. “Somos diferentes, e a nova política sabe trabalhar na diferença“, afirmou Marina já com Bonner questionando o que há de novo em fazer parcerias para atingir um objetivo eleitoral. Com um tom de voz mais ríspido, Marina retrucou: “não está claro para você, mas vou deixar claro para o telespectador“. A ex-senadora justificou que já trabalhou com Albuquerque no Congresso, mesmo com visões opostas em alguns pontos. “Isso não tem nada a ver com a velha política. Eu marquei minha trajetória política trabalhando com os diferentes“, concluiu a candidata.
Apoio no Acre
A companheira de Bonner, Patrícia Poeta, questionou Marina sobre a falta de apoio que ela apresentou no seu berço eleitoral, o Acre, durante as eleições de 2010. Então candidata do PV, a ex-senadora ficou apenas em terceiro lugar nas votações para presidente no estado. Marina tentou explicar que a diferença não foi tão grande em relação ao segundo, mas foi prontamente interrompida pela jornalista, que explicou que a diferença maior era sim em relação ao primeiro. No estado, Marina teve 23,5% dos votos, contra 50% de José Serra. “Nesse caso eu era candidata em um partido pequeno concorrendo contra duas máquinas poderosas, e mesmo assim fiquei muito próxima a elas”, justificou Marina. Já no final da entrevista, em suas considerações finais, a candidata do PSB aproveitou para prometer que, se eleita, será “primeira presidente que não vai buscar uma nova eleição“