Uma lista com as emendas parlamentares e de bancada referentes a recursos alocados somente pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) na Bahia à qual o site Política Livre teve acesso com exclusividade está causando uma grande discórdia na bancada baiana em Brasília.
O senador Angelo Coronel (PSD) e os deputados federais Adolfo Viana (PSDB), Claudio Cajado (PP), João Roma (PL) e Leur Lomando Jr (UB) são os campeões na destinação dos recursos quando consideradas emendas individuais de 2019 e 2020 e de bancada de 2021.
No total, os parlamentares baianos somam R$ 212,8 milhões em recursos nesse período, o que levantou questionamentos nos colegas sobre o motivo pelo qual eles estão sendo privilegiados em detrimento dos demais nas destinações de recursos do Orçamento da União.
Mas o que mais tem chamado a atenção, no entanto, é que até deputados estaduais, como o petista Júnior Muniz e Dal (UB), foram contemplados pelo órgão do governo federal. Para parcela dos congressistas da Bahia, isso demonstra o descontrole escandaloso a que está submetido o Orçamento na gestão Jair Bolsonaro (PL), o que já vem sendo denunciado há muito tempo pelos jornais.
Coronel, por exemplo, que lidera a lista com o maior volume orçamentário previsto, tem R$ 48,8 milhões em emendas próprias, das quais R$ 13,7 milhões foram executados. Considerando as emendas de bancada, o senador teve ainda, em 2021, R$ 2,97 milhões, dos quais R$ 267,7 mil ainda não foram repassados.
O senador do PSD baiano ainda aguarda a execução de R$ 35,4 milhões somente referentes ao DNOCS. Mas o campeão de emendas executadas é tucano Adolfo Viana. Ele conseguiu que fossem pagas 93% das emendas – somadas tanto as individuais quanto as de bancada.
Dos R$ 49,3 milhões que conseguiu, o deputado federal aguarda somente a liberação R$ 3,4 milhões. Adolfo é o que os colegas, de forma irônica, estão chamando de ‘sortudo’! Em seguida, em volume de recursos previstos, vem Claudio Cajado (PP) com R$ 24,9 milhões entre individuais e de bancada.
O progressista ainda aguarda a execução R$ 13,04 milhões. Pré-candidato bolsonarista ao governo estadual, o deputado federal João Roma (PL) já teve 71% de suas emendas pagas orçadas em R$ 19,99 milhões. Após Roma, vem Leur Lomanto Jr (UB), com R$ 18,4 milhões em emendas previstas, das quais 75% já foram executadas.
O pré-candidato ao Senado, Cacá Leão (PP), só teve 8% de emendas executadas de um total de R$ 9,9 milhões de emendas individuais.
Emendas até para os estaduais
Deputados estaduais – uma incongruência, já que se trata de Orçamento da União – também foram agraciados com emendas do DNOCS, segundo a lista a que o site Política Livre teve acesso. O deputado estadual Paulo Câmara (PSDB), que vem associado ao nome do ex-deputado e ex-ministro Antonio Imbassahy, teve 88% de um total de R$ 2,1 milhões liberados.
Por sua vez, o deputado estadual Dal, que teve o nome associado aos deputados federais Ronaldo Carletto (PP) e Tito (Avante), já conseguiu ver executadas R$ 1,3 milhão do total orçado (R$ 1,9 milhão).
Até Júnior Muniz, que migrou do PP para o PT, partido que faz uma oposição ferrenha ao bolsonarismo, teve 97% dos R$ 3,31 milhões executados. Os ”padrinhos” das emendas para o ex-filiado ao PP são Leur Jr. e outros dois identificados como ”Erivelton” e ”Lúcio”.
Nada liberado
Por outro lado, deputados de oposição ao governo federal não tiveram ainda nenhum recurso de emendas liberadas referentes ao DNOCS. É o caso de Jorge Solla (PT), com R$ 301,7 mil; Lídice da Mata (PSB), com R$ 477 mil; e Marcelo Nilo (Republicanos), com R$ 1,49 milhão. Nilo, no período de destinação das emendas de bancada, estava na oposição, no PSB.
Também na oposição ao governo federal, o deputado federal Otto Filho (PSD), cujo pai, Otto Alencar (PSD), é candidato à reeleição ao Senado na chapa do petista Jerônimo Rodrigues, tem um total de R$ 15,9 milhões em emendas, mas só viu serem executados 9% desses recursos.