RIO – Candidato a presidente, Juscelino saiu pelo País visitando o PSD. Desceu na Bahia. Antonio Balbino, governador do PSD, ainda estava em cima do muro:
- Qual é a verdadeira posição do Café?
- Qual deles, Balbino? O vegetal ou o animal?
Foi para Pernambuco. Etelvino insistia:
- Juscelino, vamos rever o assunto de fazer a união nacional.
- Etelvino, já sei que você está contra mim, Quando você fala em
união nacional, na verdade está pensando em União Democrática Nacional.
- Então você não quer a união?
- Ora, Etelvino, candidato não faz união. Candidato disputa.
Quem faz união é governo, depois de empossado.
E voltou para Minas. Em 31 de dezembro, o chefe da Casa Militar da Presidência da República, Juarez Távora (depois candidato da UDN, derrotado por Juscelino), entregou a Café Filho um documento em que “as altas autoridades militares apelavam para uma colaboração interpartidária, um candidato único e civil”.
O documento só foi divulgado no dia 27 de janeiro, em “A Voz do Brasil”. Juscelino respondeu com um discurso duro, escrito por Augusto Frederico Schmidt, que terminava com a frase magistral:
- Deus me poupou o sentimento do medo.
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Lúcio, querido professor da Faculdade de Direito de Minas, fundador do PTB, deputado federal, era um bravo nacionalista. Quando os estudantes começaram em Minas a campanha de “O petróleo é nosso”, em 1953, convocamos um comício para a praça da estação e convidamos os parlamentares.
A polícia proibiu, alegando que era comício dos comunistas. Nenhum deputado federal apareceu. Apenas alguns estaduais e dirigentes estudantis na praça cheia, cercada pela polícia. E lá na frente, servindo de palanque, vazio, só o microfone, um caminhão sem as laterais.
De repente, chega o deputado e já candidato a senador Lúcio Bittencourt, alto, magro, terno claro, bigodinho preto, e vai direto para o caminhão. Fomos juntos, A polícia não teve coragem de barra-los. Alguns de nós falamos. Ele pegou o microfone e começou:
– Ontem , chegando a Minas, li nos jornais que a polícia havia proibido este comício. Liguei para o governador Juscelino, ele me disse que eram ordens do Rio. Confesso que tive dúvidas de vir. Mas à noite, dormindo, ouvi o povo me dizendo: Vai, Lúcio, vai! Vai!
E Lúcio foi. Deu um passo à frente e caiu embaixo do caminhão. Ainda tentei segurá-lo pela ponta do paletó, não adiantou. Desabou. Acabou o comício. No dia seguinte, no Palácio, Juscelino dava gargalhadas:
- Eu bem que disse a ele. Não vai, Lúcio, não vai! Não vai!
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Mal JK tomou posse na Presidência da República, em 31 de janeiro de 1956, começaram os levantes militares para derrubá-lo. Juscelino sufocou e mandou para o Congresso um projeto de anistia. A bancada do PTB ficou contra. Oswaldo Lima Filho, líder da bancada, liga para Jurema e comunica que o partido está contra a anistia aos militares sequestradores de avião. Jurema informou a Juscelino, que, do outro lado do telefone, justificou:
– Jurema, diga aos petebistas que não quero governar com mártires.
A anistia foi aprovada.
Pena Botto, almirante psicopata, entrou na lista de promoções. Juscelino promoveu. Os amigos protestaram. Juscelino explicou:
- Pode ser um mau político, mas é um ótimo marinheiro.
Juscelino convidou Jurema para líder do governo na Câmara.
Abelardo lembrou que havia outros em melhores condições, como Ulysses Guimarães. Juscelino reagiu:
- Você está doido, Jurema. Ulysses na liderança, já no outro dia
está pensando em ser candidato à Presidência. E aí, adeus Juscelino.
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Lula entregou o governo a Dilma e levou uma rasteira. Quando quis substitui-la era tarde. Michel entregou a Procuradoria a doutora Raquel Dodge, que esta gostando muito do poder, e agora foi atropelado por ela e pelo melífluo Barrozinho, herança de Dilma.
*Por Sebastião Nery