Conhecido pelo estilo irreverente e por chamar todo mundo de “bonitão” e “bonitona”, o vice-governador do Estado, João Leão, do PP, é um político que expressa sua alegria (coisa rara no meio político), por onde quer que passe. Com um perfil combativo, de diálogo e agregador, o progressista tem um espírito “realizador”, que agora buscará atuar também na função de “planejador”, como ele próprio diz. “Modéstia à parte, quero surpreender aos meus críticos e dar um show no planejamento do estado”. Para isso, ele promete destrinchar o que está previsto no Programa de Governo Participativo, para que deixe de ser meras ideias no papel para se transformar em projetos aptos a atrair recursos, melhorando a qualidade de vida da população e, lógico, impulsionando o desenvolvimento da Bahia.
Quatro eixos serão colocados como prioridade por Leão na Seplan (Secretaria de Planejamento, órgão que passou a acumular com a vice): “será prioridade a infraestrutura, o social, o desenvolvimento econômico e o institucional”. De acordo com ele, essa será a base do Plano Plurianual (PPA) e do planejamento para os próximos quatro anos. Na infraestrutura, foco para a Seinfra, Sedur e Secretaria de Recursos Hídricos. Na área social, as ações serão integradas com as pastas da Saúde, Educação, Justiça, Segurança Pública, Combate à Pobreza, dentre outras. No vetor econômico, destaque para a Secretaria de Planejamento, Fazenda e Indústria e Comércio. Já na área institucional, foco na Casa Civil e Relações Institucionais.
Questionado sobre as críticas recebidas após a confirmação feita pelo governador Rui Costa de que iria para o Planejamento, Leão disse não se importar com os comentários maldosos e que iria se empenhar “para mostrar que todas essas pessoas estavam redondamente enganadas”. “Uma coisa tenho comigo: muita perseverança e força de vontade”. Para ele, a escolha para a pasta do Planejamento se deu desde o período da campanha, quando ele e Rui sobrevoavam o estado e petista ouvia suas ideias para destravar gargalos em toda a Bahia. A expectativa, segundo disse, é que já na próxima semana comecem uma maratona de visitas aos ministérios, em Brasília, atrás de recursos. Na agenda, a pasta das Cidades e Integração Nacional, comandadas por seu partido, o PP.
Leão disse também que Rui será o maestro da orquestra e que vai atuar para viabilizar o que foi e será prometido por ele nos próximos anos. Como exemplo, citou o sonho do governador de construir o Canal do Sertão, orçado em R$4 bilhões, que vai levar água para baianos que hoje vivem com dificuldade de acesso à água. “Vamos gerar oportunidades que ajudarão a população das cidades. Se tem a transposição, vamos atrás das contrapartidas para as comunidades do entorno, potencializando o desenvolvimento local. Vamos viabilizar ainda a hidrovia no São Francisco, facilitando o deslocamento das pessoas”.
Sobre a previsão do ano, o vice-governador repete o discurso de Rui e do secretário da Fazenda, Manoel Vitório, de que o ano será difícil, de arrocho financeiro. “O maior gargalo será a dificuldade financeira do país. Vamos ter que apertar o cinto, buscando o gasto racional do dinheiro público. Faremos uma economia de guerra”. Tem ainda o impacto no setor produtivo com os problemas gerados com a investigação das maiores construtoras do país, enroladas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. “Mas o que importa mesmo é que vamos atuar para viabilizar uma série de investimentos para a Bahia, como a BR-030, que ligará Maraú a Cocos, no Oeste baiano. Vamos interligar as regiões, buscar parceiros e recursos no mercado internacional”. Um dos projetos que já estão sendo gestados pelo governo é o da construção da Ponte Salvador-Itaparica, que vai abrir um novo vetor de desenvolvimento para o Estado. “E, como disse, o foco será atrair parceiros internacionais para viabilizá-la”.
Em meio ao trabalho de interlocução, Leão promete atuar para potencializar o desenvolvimento regional, dos 27 territórios de identidade, fortalecendo as regiões, para que o estado como um todo se fortaleça. A expectativa, segundo disse, é que ele e Rui vão atuar conjuntamente não só para planejar a gestão dos próximos quatro anos, mas para delinear o estado dos próximos 20 anos. “O objetivo é esse. Vamos plantar a semente de como será a Bahia dos próximos 20”. O progressista diz ainda que vai buscar ouvir a sociedade civil organizada e a população de todo o estado para direcionar as ações do governo para as reais demandas da sociedade. Agora é esperar e acompanhar para ver o que vai acontecer. A conferir.
Por Osvaldo Lyra