Novo ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos) endossou o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que é contra as medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos, e afirmou que o lockdown ”não é o melhor caminho” no enfrentamento à pandemia da Covid-19. Roma disse ainda que os gestores têm tomado medidas de maneira ”açodada” por causa da ”comoção pela quantidade de mortes”.
”De fato, a gente precisa ter muito cuidado com os direitos individuais do cidadão brasileiro. É óbvio que estamos enfrentando um momento de pandemia. É preciso muita cautela, mas também não podemos admitir sobressalto, atitudes precipitadas, uma vez que a própria Organização Mundial da Saúde alega que o melhor caminho não é, de fato, o lockdown. Nós temos que atenuar sim algumas medidas exacerbadas que têm acontecido no Brasil. Óbvio, os gestores ficam muito açodados com o que ocorre. Há obviamente uma comoção pela quantidade de mortes, pelo que ocorre no Brasil inteiro, mas precisamos valer a nossa Constituição, ter muita serenidade e cooperação”, disse Roma, em entrevista ao programa ”Os Pingos Nos Is”, da rádio Jovem Pan News.
Em outubro do ano passado, um enviado especial da OMS, David Nabarro, que não é diretor da organização, falou sobre os impactos econômicos e sociais negativos dos lockdowns. Isso não significa, no entanto, que a OMS tenha mudado de posição favorável ao isolamento social para atenuar a disseminação da doença. Na mesma entrevista, Nabarro afirmou que os lockdowns são justificados em momentos de crise, para reorganizar os sistemas de saúde e proteger os profissionais que estão na linha de frente do combate à doença. A ideia desta prática é ”achatar a curva” de contágio, evitar a superlotação de hospitais e, depois, permitir a reabertura das economias. Esta informação foi verificada, inclusive, pelo projeto Comprova.
Roma disse ainda que o lockdown pode aumentar o ”empobrecimento” do país. ”Não basta dizer apenas ‘fique em casa’, porque não tem como atenuar o sofrimento dos seus filhos e sua família. Nós precisamos ter muita seriedade e unir todas as forças para que a gente consiga atenuar o sofrimento”, afirmou. ”É natural que, se houver medidas de recrudescimento na área economia, resultará no empobrecimento de uma gama de brasileiros e por consequência mais pessoas necessitando do auxílio (emergencial), mais pessoas na faixa de vulnerabilidade”, pontuou.
De acordo com ele, a Câmara dos Deputados deve aprovar ainda nesta semana o auxílio. A expectativa do governo é conceder os R$ 250 ainda em março. ”Na sequência, vamos nos debruçar na reestruturação e na ampliação do Bolsa Família. Queremos fortalecer o programa e com isso chegar a novas famílias, uma vez que na execução do auxílio identificamos novas pessoas em condições de vulnerabilidade”, disse.
As informações foram publicadas na manhã desta segunda-feira (8) pelo jornal Tribuna da Bahia.