A Irmã Conceição, diretora da Fundação Leur Brito, em Jequié, contestou a informação divulgada pela Prefeitura de Jequié, na última semana, onde consta a morte de um idoso de 91 anos proveniente do Coronavírus. Segundo a freira, o idoso deu entrada no Hospital Prado Validares no início de dezembro de 2020, passou por procedimento cirúrgico para amputação de um membro e que teria contraído a Covid-19 na unidade hospitalar, onde passou pelo tratamento e se recuperou da doença.
Ainda segundo a religiosa, o próprio Hospital deu alta ao paciente no dia 30 de janeiro, com atestado negativo para Covid, e no dia 2 de janeiro veio a óbito na Fundação Leur Brito. Durante entrevista a Irmã Conceição falou que o prontuário estava constando como morte por causas desconhecidas.
Prefeitura esclarece
Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (15), a Prefeitura de Jequié, através da Secretaria de Saúde, esclarece que os óbitos publicados no Boletim Epidemiológico só são divulgados após minucioso processo de investigação, de acordo com as normatizações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVEP), da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB), que contém todas as orientações para a vigilância do óbito por Covid-19 no Estado, publicado em 20.05.2020, bem como o Plano Estadual de Manejo de Óbitos durante pandemia da Covid-19 na Bahia, que inclui a coleta da história da doença, dados clínicos, evolução clínica, exames laboratoriais e demais exames, tais como exames de imagem e diagnóstico realizados pelos pacientes durante o período de internamento.
Quanto ao caso do idoso, residente na Fundação Leur Brito, que teve óbito identificado para Covid-19 e foi contestado pela diretora da entidade, a Secretaria informou que ”o mesmo apresentou os primeiros sintomas em 08/12/2020, teve a coleta de swab para o teste RT-PCR realizada em 19/12/2020, sendo que o resultado foi liberado pelo Laboratório Central da Bahia em 28/12/2020 como detectável (positivo) para o vírus Sars Cov 2 e entrou para a base de dados municipal, dos casos de infecção pelo Coronovírus, no dia 29/12/2020”.
Ainda segundo a nota, na unidade hospitalar, ”o paciente ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva e foi assistido, tendo sido liberado no dia 29/12/2020, conforme registro do Sistema de Informação de Síndromes Respiratórias Aguda, possivelmente, devido à melhora clínica. Este recebeu alta hospitalar no dia 30/12/2020 e veio a falecer no dia 02/01/2021, menos de 30 dias da data de primeiros sintomas de Covid-19”, esclarece.
Acerca dos fatos, a gestão municipal destaca alguns pontos:
– o atraso na publicação dos óbitos por Covid-19 justifica-se devido ao processo de investigação ao qual são submetidos, bem como ao recebimento da declaração de óbito, documento que confirma o evento – óbito;
– o segundo ponto é que a Secretaria Municipal de Saúde desconhece a emissão de “atestado negativo” para Covid pela unidade hospitalar e que consta apenas um registro de RT-PCR da pessoa falecida, no sistema de informação laboratorial do SUS (realizado no dia 19/12), não havendo nesse sistema, exame com resultado “negativo” do paciente;
– finalizando, a declaração de óbito (D.O.) emitida como “causa desconhecida” é regulamentada pelo Ministério da Saúde para os casos de óbito sem assistência médica (BRASIL, 2009), ou seja, para os óbitos ocorridos em residência ou outros locais, na ausência de profissional médico no momento do óbito.
Considerando o exposto, o fato de o paciente ter sido liberado no dia 30/12 não seria impeditivo que o mesmo viesse a piorar e culminar em novo agravamento do quadro, dada as condições prévias dele (um paciente idoso, portador de Diabetes Melittus com neuropatia periférica e pós-cirurgiado). Sendo assim, mesmo que a Covid-19 não tenha sido a causa imediata da morte, é irrefutável que complicações decorrentes desta doença, mais as condições preexistentes, tenham contribuído sinergicamente para o colapso orgânico e que culminou na morte deste paciente.
Concluindo, a Secretaria de Saúde entende a preocupação da coordenação da instituição, principalmente quanto à proteção dos outros idosos que lá residem e coloca-se à disposição para o desenvolvimento de ações de prevenção de infecção pelo Coronavírus no estabelecimento. Informando, ainda, que em 2020, todos os idosos e funcionários foram testados nos meses de maio e setembro e que não houve registro de transmissão de intrainstitucional de Coronavírus em nenhum momento.