Entre 2010 e 2018, a falta de controle do diabetes ocasionou mais de seis mil amputações de pés. Diante desse quadro, o Governo da Bahia vai implantar 200 salas para o tratamento do pé diabético e feridas complexas em todo o estado. Uma portaria que define os critérios para isso foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (16). Segundo informações do secretário da Saúde da Bahia, essas amputações são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, considerando as elevadas taxas de internação hospitalar. Mas, por outro lado, dados do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba) apontam que um bom programa de prevenção é capaz de reduzir as amputações em até 85% e que ações preventivas devem ser difundidas entre a população no nível assistencial mais próximo, que é a Atenção Básica. ”Além do impacto social na vida do usuário e da alta mortalidade associada, as amputações estão relacionadas a altos custos diretos e indiretos para o sistema de saúde. Dados do Sistema de Pactuação dos Indicadores (Sispacto) apontam que 245% das internações de pacientes de Salvador, por exemplo, poderiam ser prevenidas por serem condições sensíveis à Atenção Básica. Sem o adequado acompanhamento, o paciente diabético não realiza exames, não toma os medicamentos e acaba por ir a uma emergência de um hospital com o pé infectado que levará, possivelmente, à amputação de um dos membros”, explica o secretário.
A portaria publicada hoje prevê que cada município poderá implantar uma Sala de Pé Diabético de referência municipal, cuja atribuição será a de realizar a gestão do leito de feridas; fazer a inspeção sistemática dos pés; orientar os métodos de descarga e uso de palmilha; realizar o desbastamento de calosidades; e realizar pesquisa de pulso periférico. Já a Sesab terá a função de disponibilizar equipamento específico para diagnóstico; qualificar os técnicos de enfermagem em podologia; capacitar a equipe que atuará nas policlínicas como referência para as Salas de Pé Diabéticos; realizar teleconsultoria, com inclusão de imagens e exames, para auxiliar a conduta dos profissionais; realizar webpalestras relacionadas ao tema; articular com as Secretarias Municipais de Saúde para implantar pontos de atenção e fluxos de referenciamentos; e a coordenação do processo regulatório inter-regional.
Os municípios habilitados a implantar a Sala de Pé Diabético serão os 200 primeiros a enviarem o Termo de Adesão, contido na portaria e devidamente preenchido com os dados solicitados. As gestões municipais devem encaminhar a documentação para o endereço eletrônico [email protected] até 60 dias após a data da publicação. A lista de municípios contemplados será publicada no site da Sesab no prazo de cinco dias após o término do prazo de adesão das cidades. Além disso, serão priorizados os municípios com população superior a 20 mil habitantes.