Preso nesta segunda-feira (3) pela Polícia Federal, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) recebeu R$ 20 milhões em propina do grupo J&F por ter viabilizado a liberação de empréstimos da Caixa Econômica Federal (CEF) para a empresa. O dinheiro teria sido intermediado pelo doleiro Lúcio Funaro, preso no âmbito da Operação Lava Jato. As informações constam na decisão do juiz Vallisney Oliveira, da Seção Judiciária da Justiça Federal em Brasília, que decretou a prisão preventiva do peemedebista. Segundo o magistrado, a acusação foi feita nos depoimentos de Funaro e do empresário Joesley Batista – o primeiro tenta selar acordo de delação premiada. ”Conforme delação de Lúcio Funaro, Geddel teria recebido R$ 20 milhões somente em decorrência da atuação de liberação de empréstimos às empresas J&F, MAFRIG e Bertin, mediante práticas ilícitas de cobrança de propinas como forma de liberação do empréstimo e sobre o percentual do empréstimo”, sustenta Vallisney. Na delação, Batista confirma a participação e a ligação de Geddel com Eduardo Cunha, preso e condenado pela Lava Jato, e o pagamento de aproximadamente R$ 100 milhões da J&F a Funaro. Na decisão, o juiz também afirma que, após sair da Vice-presidência da CEF, Geddel continuou usando sua influência política para interferir em favor de empresas. O magistrado citou depoimento de Funaro. “Que a última operação de crédito viabilizada pelo declarante foi de uma linha de crédito no valor de R$ 2,7 bilhões para a compra da Alpargatas, ocorrida em dezembro de 2015. Que, nesta época, Geddel já havia saído da Vice-presidência, mas continuava controlando-a”, diz a peça, que chega a citar ainda o caso envolvendo o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que pediu demissão do cargo alegando pressões do ex-ministro peemedebista para liberação da construção de um prédio de luxo em Salvador, obra embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No documento, o juiz fala também de ”investidas” de Geddel contra pessoas ligadas a Henrique Eduardo Alves, Cunha e Funaro, todos presos, para evitar que eles selassem acordos de delação premiada. As ”investidas” foram encaradas como tentativas de obstrução da Justiça, o que motivou o pedido de prisão feito pelo MPF. Além da prisão, a Justiça autorizou ainda busca e apreensão dos celulares de Geddel e a quebra do sigilo telefônico dele.