O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar se o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) ameaçou o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. O caso foi relatado à PGR pelo próprio ex-titular da pasta. As ameaças do deputado contra Calero teriam sido feitas na época da renúncia do irmão de Lúcio, Geddel Vieira Lima (PMDB), do cargo de ministro da Secretaria de Governo, após o ex-ministro denunciar que o peemedebista pressionava pela liberação de um empreendimento de seu interesse. Geddel exigia que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizasse a construção do prédio La Vue, situado em um bairro histórico de Salvador. Geddel tem participação societária no negócio, segundo Luiz Fernando Machado Costa Filho, dono da Cosbat, empresa responsável pelo empreendimento. Um novo relator deve ser designado. O pedido de investigação sobre as ameaças foi feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, dentro do inquérito que apura os R$ 51 milhões em dinheiro vivo apreendidos pela Polícia Federal em um apartamento em Salvador, posteriormente atribuídos à família Vieira Lima. De acordo com a Agência Brasil, Fachin, relator do caso, entendeu que a suposta ameaça de Lúcio Vieira Lima a Calero não estaria associada ao caso dos R$ 51 milhões. ”Ainda que o aludido empreendimento [La Vue] tenha sido utilizado para a lavagem de capitais imputada aos denunciados, tal circunstância, por si só, não seria apta a justificar a apuração conjunta dos fatos”, escreveu o ministro, na decisão em que remeteu o pedido de investigação à presidente do STF. Caberá a Cármen Lúcia agora decidir se redistribui, por sorteio, o pedido de nova investigação contra Lúcio Vieira Lima.