Executivos do mercado de planos de saúde relatam receio de uma nova deterioração dos números do setor nos próximos meses, diante de um cenário com alta taxa de sinistralidade, elevação dos gastos com medicamentos, efeitos da mudança no rol taxativo e a perspectiva do novo piso da enfermagem sobre as contas.
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) nega o risco de quebradeira. Diz que a regulação tem lastro para garantir a segurança financeira do mercado. Mas o setor vê um histórico de alerta.
No ano passado, os prejuízos operacionais ultrapassaram R$ 15 bilhões. A evolução deficitária ao longo de 2022 foi de R$ 600 milhões no primeiro trimestre, para R$ 4,6 bilhões no segundo e R$ 9,8 bilhões no terceiro.
A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) lista problemas como o custo da incorporação de novas tecnologias, a cobertura obrigatória dos tratamentos, o aumento dos insumos e da demanda por procedimentos médicos, represados na pandemia. A sinistralidade atualmente é de 88%.
”A saúde suplementar sofre efeitos diretos dessa escalada dos custos e o descompasso entre receitas e despesas. Os planos de saúde funcionam como caixa de ressonância de custos que incidem sobre toda a cadeia de prestação de saúde”, diz Vera Valente, diretora-executiva da entidade.
Ela afirma que a mudança no rol taxativo, que altera as regras de cobertura, criou condicionantes frágeis e subjetivas. “É uma alteração crítica, pois interfere diretamente no funcionamento de um setor que opera com base no mutualismo e na adequada precificação dos riscos”, afirma Valente.
A ANS diz que monitora o cenário de prejuízos desde o 2° trimestre de 2021. No primeiro ano da pandemia, o setor viveu um momento em que o resultado operacional das empresas foi recorde, superando R$ 56 bilhões. Já em 2021, caiu para R$ 8,6 bilhões.
com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix