O ex-advogado-geral da União Fábio Medina Osório, demitido nesta sexta-feira (10/9), afirmou ter saído do posto porque o governo de Michel Temer não quer que as investigações da operação Lava Jato que envolvam aliados avance. “O governo quer abafar a Lava Jato”, afirmou em entrevista publicada na edição deste final de semana da Revista Veja. Osório contou à publicação que as divergências começaram há três meses, quando pediu às empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras que ressarcissem o dinheiro desviado. Em seguida, ele teria solicitado acesso a inquéritos que envolviam aliados do governo, de forma a mover ações de improbidade administrativa contra eles. A Polícia Federal teria lhe enviado uma lista com o nome de 14 políticos do PP, PT e PMDB. O ex-advogado-geral contou que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o acesso aos inquéritos. Contudo, com a autorização concedida, a AGU precisava copiar os inquéritos em um HD, o que não aconteceu. Segundo Osório, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, manobrou para evitar que os inquéritos chegassem à AGU. ”Me parece que o ministro Padilha fez uma intervenção junto a Grace Mendonça [que irá substituí-lo], que, de algum modo, compactuou com essa manobra de impedir o acesso ao material da Lava-Jato”, especulou. A partir daí, ele teria tido uma discussão com Padilha, que acabou culminando na sua despensa demissão.