O meio político da Bahia e de Brasília, que estava ansioso pelo anúncio do secretariado do governador eleito Rui Costa, parece não ter gostado muito dos 14 primeiros nomes que foram divulgados para integrar o primeiro escalão do novo governo do PT. O detalhe é que seis deles foram mantidos da gestão do atual governador Jaques Wagner e, dos outros oito, alguns já integravam o próprio governo petista, em outras áreas e funções. O que se falava ontem dentro da base aliada petista era que nenhum (ou quase nenhum) deles teve a capacidade de criar uma marca forte junto aos setores que representam. E o detalhe é que até mesmo dentro do Partido dos Trabalhadores surgiu uma saraivada de críticas, com aliados de primeira hora torcendo o nariz, sobretudo, diante da falta de nomes de peso, que pudessem dar brilho e destaque ao corpo de auxiliares escolhidos pelo novo governador. Faltam nomes de maior densidade junto aos setores que representam ou passarão a representar. “Um secretariado apático”, como disparou um petista.
Tirando o novo secretário de Comunicação, André Curvello, que é um jornalista bem conceituado e que entende muito bem do setor; o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, que, apesar dos problemas de segurança existentes na Bahia, é bem avaliado dentro e fora do PT; e o titular da Fazenda, Manoel Vitório, que vinha atuando na recuperação das finanças do estado e chefiou a equipe de transição; a escolha dos outros 11 nomes apresentados é alvo de questionamentos. O atual secretário de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, por exemplo, é um técnico bem conceituado e atuou como braço direito do agora senador eleito Otto Alencar, mas não conseguiu imprimir personalidade ao cargo.
O atual secretário Eugênio Spengler, do Meio Ambiente, apesar da boa avaliação junto ao próprio governo petista, não demonstrou excelência para o grande público. Do empresariado, ao contrário, recebeu críticas pela lentidão no despacho dos processos de sua secretaria, a Sema. Osvaldo Barreto, na Educação, foi outro que recebeu uma saraivada de críticas. Não criou marcas positivas na Educação ao longo dos últimos anos. Muito pelo contrário. Foi bombardeado no episódio da greve dos professores, que durou longos 115 dias. O ex-deputado Nestor Duarte, na pasta de Administração Penitenciária e Ressocialização, é um excelente político, mas também não teve visibilidade nenhuma ao longo dos últimos anos. A expectativa era que assumisse o cargo um profissional com capacidade técnica comprovada no setor. Ele entra na cota do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo.
Para a Secretaria de Saúde, foi alçado o médico Fábio Vilas-Boas, apontado como um cardiologista bastante elogiado, apesar de não possuir traquejo com o atendimento à população de baixa renda e com o SUS, além de não se saber se tem capacidade gerencial que o cargo exige. Para a Secretaria de Relações Institucionais, a indicação de Josias Gomes foi creditada ao esforço feito pelo petista para viabilizar a candidatura de Rui dentro do próprio PT. Há quem diga que ele foi colocado ali, estrategicamente, para se cacifar para o pleito majoritário de 2018 (Senado), sobretudo, pelo contato direto que passará a ter com prefeitos e lideranças da capital e do interior.
Na nova Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Geraldo Reis, que era da SEI, possui um perfil técnico, mas também teria sua presença dispensada do novo governo, por não ser uma figura com perfil exponencial. Para a pasta de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, foi premiado o deputado (que não se reelegeu) Álvaro Gomes, na cota do PCdoB, que optou por fazer um rodízio interno na sigla. Para a recém-criada Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, vai Cássio Peixoto, que era presidente da Bahia Pesca, empresa do segundo escalão do governo. Houve ainda o anúncio de Paulo Moreno como procurador-geral do Estado. Há quem diga, também, que ele foi escolhido por seu perfil “duro” e seu engajamento junto ao PT. Já o atual vice-governador João Leão, que assume a Secretaria de Planejamento, cabe um artigo específico sobre ele. Mas, como o próprio Rui Costa justificou, a escolha se deu devido ao excelente trânsito que seu vice mantém junto aos ministérios, em Brasília.
Por Osvaldo Lyra