Apesar de criticar o resultado do julgamento do mensalão, o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (8), em encontro com blogueiros, que não se arrepende de ter nomeado o ministro Joaquim Barbosa para o Supremo Tribunal Federal. A conversa durou cerca de três horas. “Não me arrendi de indicar o Barbosa. Na época, não tinha mensalão. Eu queria um advogado negro no Supremo e o currículo dele era o melhor”, disse.
“Eu não indiquei ele por causa do processo [do mensalão]. O comportamento dele é responsabilidade dele. A Suprema Corte tem que se pronunciar nos autos do processo (…). Se eu tivesse as informações do Barbosa que eu tenho hoje, teria indicado ele do mesmo jeito”, completou.
Segundo o ex-presidente, a condenação do ex-ministro José Dirceu é um “grave abuso no exercício do poder e da lei”. “Ele deveria estar em prisão domiciliar. Temos que ter paciência que as coisas mudam“, concluiu e citou a redução das penas com a retirada da acusação do crime de quadrilha. A pena de Dirceu foi reduzida de 10 anos e 10 meses de prisão para 7 anos e 11 meses, só pelo delito de corrupção ativa.
Lula afirmou ainda que não é candidato à Presidência e pediu ajuda para acabar com “boataria” em torno do tema. “Eu não sou candidato, minha candidata é a Dilma Rousseff e se vocês puderem contribuir pra acabar com essa boataria toda, ou seja, vocês estarão contribuindo com o processo de democratização desse País. Ou seja, eu acho que a Dilma tem competência, tem todas as condições políticas, técnicas, tem capacidade que o Brasil precisa pra fazer esse Brasil avançar e acho que ela é disparadamente a melhor pessoa para ganhar essas eleições e fazer o Brasil continuar a andar. Aqui, eu já cumpri com minha tarefa, já fiz o que tinha que fazer, já me dou por realizado”, afirmou Lula.
O ex-presidente também comentou as movimentações em torno da criação da Comissão Parlamentar de inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades em contratos da Petrobras e pediu uma ação mais intensa do PT e do governo em relação às denúncias envolvendo a estatal. “Normalmente, em época de eleição, quando a oposição não tem bandeira, não tem programa e não tem voto, a oposição então levanta essa ideia de se fazer uma CPI”, afirmou. “O governo tem de ir para a ofensiva e debater esse assunto com muita força. A gente não pode ficar permitindo que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo. Temos de defender com unhas e dentes aquilo que achamos que é verdadeiro, os fatos concretos“, completou.
Saúde
Questionado sobre os problemas da saúde do País, Lula disse que “esse é o grande tema da eleições”. “Esse é o grande tema. Todo mundo tem que ter uma boa proposta para saúde“, disse ele em entrevista coletiva com blogueiros. Em São Paulo, Estado considerado crucial pela cúpula do PT e pelo próprio Lula, o candidato do partido é o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.
Segundo ele, a discussão sobre o tema deve girar em torno da geração de recursos para a saúde pública. “Não existe possibilidade de dar saude de qualidade, se não houver recurso. As pessoas acham que o governo é aquela vaca com urbe enorme, todo mundo acha que o governo tem dinheiro de sobra, mas não tem. Médico custa caro, equipamento custa caro“.
Lula criticou ainda a extinção da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), em 2008, que, segundo ele, tirou R$ 250 bilhões de seu mandato. O ex-presidente disse ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa credenciar mais médicos e aumentar a remuneração desses profissionais. ” O SUS precisa pagar melhor. A melhor solução é credenciar toda a rede médica. Você não vai formar um médico de um ano para o outro”. Segundo ele, os médicos preferem trabalhar na rede particular, que paga melhor, e, por isso, o atendimento que prestam ao SUS fica prejudicado.
O ex-presidente elogiou ainda o programa Mais Médico, mas afirmou que a iniciativa deve gerar maior demanda por especialistas. “O Mais Médico não resolve o problema. Aumenta o problema. Quando o cara tem acesso ao primeiro médico, ele percebe que precisa de um especialista. Então, a solução é credenciar a rede médica do País para quem precisar“.