Em seu primeiro ato após tomar posse nos Estados Unidos, Trump assina decretos para reverter medidas de Biden

Donald Trump, assina decretos após tomar posse — Foto: Jim Watson / Pool / AFP

Em seu primeiro ato após tomar posse como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump assinou nesta segunda-feira (20) uma série de medidas controversas. Entre elas, a revogação de 78 ações executivas implementadas por seu antecessor, Joe Biden, e a retirada do país do Acordo de Paris.

Trump assinou as ordens diante de milhares de apoiadores no ginásio Capital One Arena, em Washington. Nas palavras do republicano, as medidas dão início à ”restauração completa” dos EUA e à ”revolução do senso comum”. ”É tudo sobre senso comum”, disse ele horas antes, em seu discurso de posse, a despeito de que parte dos atos é criticada por organizações que atuam com direitos humanos e sustentabilidade.

Trump, em sua fala no Capital One, também reiterou algumas de suas promessas, incluindo o perdão às pessoas que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, descritas por ele como reféns. O republicano deve assinar decreto sobre o tema ainda nesta segunda, na Casa Branca.

O novo presidente já tinha discursado mais cedo durante as solenidades da posse, mas num contexto mais formal e para uma plateia pequena dentro do Capitólio. A fala no Capital One foi a sua estreia diante de um público amplo no novo governo —o local tem capacidade para até 20 mil pessoas.

O presidente, que tinha se segurado no discurso oficial de posse, aproveitou o ensejo para falar de modo mais aberto. Ele mencionou inclusive que tinha sido aconselhado a não falar das pessoas que chamou de reféns durante a cerimônia no Capitólio para evitar fomentar um clima divisivo no país. Foi um discurso clássico do republicano, com as repetições e as digressões típicas do seu estilo.

A plateia do Capital One não era o que o republicano tinha em mente, a princípio. Ele queria reunir multidões nos gramados diante do Congresso americano. O clima, porém, o forçou a mudar de planos de última hora e transferir o evento para um espaço fechado. Durante o dia, a sensação térmica chegou a -12ºC —insuportável, mesmo para quem se agasalhou.

Trump, no entanto, conseguiu em certa medida tirar vantagem desse revés. Transformou o evento em uma espécie de show. Ao entrar no ginásio, passou entre o público, sorrindo e apertando as mãos de alguns de seus simpatizantes. Demonstrou o carisma que marcou a sua carreira. Era um cenário familiar, como o de seus tantos comícios de campanha.

Alguns dos aliados de Trump discursaram antes dele no Capital One. Elon Musk, dono do X, fez algumas das falas mais fortes. O bilionário descreveu a eleição de Trump como uma ”vitória da civilização” e acenou ao público com o braço erguido, no que foi criticado depois como demasiado parecido com uma saudação nazista.

*Diogo Bercito/Folhapress