O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em depoimento à Justiça Federal na manhã desta sexta-feira (10) que nunca presenciou qualquer ilegalidade enquanto esteve à frente do Banco Central (2003 a 2011) durante a gestão do ex-presidente Lula. ”A minha relação com o presidente Lula era totalmente focada em assuntos relativos ao Banco Central e à política econômica e, nesta interação, eu nunca vi ou presenciei nada que pudesse ser identificado como algo ilícito ou ilegal”, afirmou o ministro. Meirelles foi ouvido por videoconferência em seu gabinete, em Brasília. Ele foi arrolado como testemunha de defesa pelos advogados de Lula, na ação penal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no qual o petista é acusado de receber um apartamento triplex, em Guarujá (SP), como suposto pagamento de propina por parte da empreiteira OAS. Meirelles negou que tenha ocorrido, durante sua gestão, interações com parlamentares para defender interesses políticos do governo, incluindo na área econômica, na qual atuava. ”Minhas presenças no Congresso diziam respeito, exclusivamente, a assuntos do Banco Central. Para ser mais específico, pode ter havido momentos em que algum parlamentar possa ter pedido alguma audiência ao Banco Central para mencionar alguma situação específica, alguma coisa que interessasse ao Banco Central”, declarou. Uma pergunta da defesa foi indeferida durante a oitiva: o ministro foi perguntado sobre se ele achava que esse governo tinha trazido benefícios ao país, em vez de buscar benefícios para governantes e integrantes do alto escalão. “Não é uma pergunta apropriada, perguntando a opinião da testemunha. Ele responde apenas fatos”, interrompeu Moro. O advogado Cristiano Zanin Martins criticou o critério, mas foi explicado pelo magistrado. ”A impressão é a de que a defesa tenta fazer propaganda política do governo anterior”.