O Ministério da Educação (MEC) anunciou recentemente a criação de um Sistema de Seleção Unificada (Sisu) exclusivo para vagas ociosas que dará uma nova possibilidade para estudantes de todo o país entrarem em universidades federais. A estimativa é que há nelas 114 mil vagas deste tipo. Somente na Bahia, há pelo menos 1.378. Esse é o quantitativo atual do estado, de acordo com as universidades federais consultadas por A TARDE. Na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), há 500 vagas residuais; na Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que tem campi no estado, 590; na Federal do Oeste da Bahia (Ufob), 164; e na Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), 124. Na Universidade Federal da Bahia (Ufba), havia este ano 1.200 vagas, mas foram ocupadas por meio de uma seleção feita anualmente. A previsão é que, no próximo semestre, os colegiados de curso informem o quantitativo de vagas ociosas que será divulgado em um novo edital.
Segundo o MEC, o Sisu que será específico para vagas ociosas está previsto para o primeiro semestre de 2016. Gerenciado pelo ministério, o Sisu é um sistema no qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para candidatos participantes do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). As 114 mil vagas ociosas foram estimadas pelo ministério com base no Censo da Educação Superior de 2014, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e dependem da adesão das instituições. A Ufba, por exemplo, informou que a proposta ainda não foi debatida. ”Queremos todas essas vagas preenchidas com um critério transparente, republicano e meritocrático de acesso. Para isso, vamos mudar o mecanismo de repasse de verba para as instituições federais. O MEC não repassará recurso por vaga, mas sim por matrícula efetivamente realizada. Com o mesmo recurso que nós temos hoje, podemos ter 100 mil alunos a mais nas universidades federais”, afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante coletiva de imprensa em Brasília, no último dia (4).
No entanto, muitas universidades já realizam processos internos para preencher essas vagas, por meio de transferências internas e externas ou para diplomados cursarem novas graduações. Na UFSB, há 500 vagas residuais derivadas do não preenchimento total das disponibilizadas, cancelamentos e abandonos. Elas são oferecidas por meio de edital de inscrição especial, três vezes ao ano. A instituição informou que a proposta do MEC de um Sisu específico ainda será analisada pela universidade. Enquanto isso, segundo a assessoria de comunicação da UFSB, podem concorrer às vagas “prioritariamente” professores do ensino básico, pessoas vinculadas a instituições parceiras, participantes de ações afirmativas e programas de integração social da instituição. É permitido também para estudantes regulares de outras instituições públicas de ensino superior e portadores de diploma de curso superior. No entanto, estudantes que concluíram o ensino médio também podem participar desse processo seletivo. ”Ainda é cedo para avaliarmos as derivações desse sistema, mas parece promissor, vez que busca assegurar por mais um mecanismo a finalidade precípua das instituições superiores”, destacou, por nota, a UFSB. Já formado em publicidade, o estudante Vinícius Campos, 29, conseguiu entrar no curso de bacharelado interdisciplinar (BI) na Ufba por meio das vagas residuais. Cursou dois semestres, mas depois abandonou quando passou em direito na seleção do vestibular. ”Quando o MEC implantar esse Sisu específico para as residuais, vai prejudicar quem quiser fazer transferência externa e quem já for diplomado. O Sisu leva em consideração o Enem e quem já está estudando ou já terminou vai ter que voltar a estudar para fazer o Enem”, afirmou.