Milhares de pessoas participaram da luta pela Independência da Bahia – e do Brasil – que permitiu de fato a separação de Portugal. O grito de Dom Pedro II, às margens do Rio Ipiranga, em 7 de setembro de 1822 deu início ao processo de transformação do Brasil, mas foi a marcha vista em Salvador no dia 2 de julho de 1823, repleta de indígenas, mestiços, negros, mulheres e vaqueiros, que deu aos brasileiros uma nação para chamar de sua.
Estima-se que pelo menos duas mil pessoas, entre baianos e portugueses, morreram nas batalhas. Mesmo com um exército mais poderoso e melhor armado, Portugal sucumbiu ao grupo formado por um grupo que trazia em seu sangue a criatividade e a coragem do povo baiano.
Mas alguns nomes marcaram essa história, que em 2023 completa 200 anos, e que merecem o reconhecimento como heroínas e heróis da pátria. Além disso, outros nomes tiveram participação na história e ainda podem ser reconhecidos em alguns cantos da capital baiana. Conheça abaixo alguns dos personagens que marcaram a Independência da Bahia:
Joana Angélica
Madre superiora do Convento da Lapa, Joana Angélica de Jesus nasceu em Salvador. Foi assassinada em 19 de fevereiro de 1822, no auge do conflito com os portugueses, quando o recém empossado General Madeira de Melo, suspeitou que o local escondia rebeldes. Seu ato de coragem ao tentar impedir a entrada das tropas no convento – o que permitiu que as outras freiras fugissem – fez com que seu nome ficasse marcado na história da Bahia e do Brasil. A morte de Joana Angélica, principalmente dentro de um templo religioso, foi o gatilho para fortalecer os movimentos de revolta em toda cidade e no Recôncavo. A Arquidiocese de Salvador pediu a beatificação de Joana Angélica ao Vaticano. Em sua homenagem, virou nome de uma das principais avenidas da capital baiana, que passa pelos bairros de Nazaré e Barbalho.
Maria Quitéria
Nascida em um pequeno povoado de Feira de Santana, Maria Quitéria de Jesus. O pai dela era português e dono de uma grande fazenda da região. Aprendeu a atirar de espingarda para a caça, conhecimento que foi útil quando se voluntariou para fazer parte do grupo recrutado pelo então governo baiano para lutar pela independência. Contra a vontade do pai, cortou os cabelos e fingiu ser o Soldado Medeiros, seu cunhado, de quem roubou a farda. O comandante da tropa, porém, fez com que ela assumisse a sua verdadeira identidade, se tornando a primeira mulher brasileira a lutar em um campo de batalha. Ainda em vida, foi condecorada por Dom Pedro no Rio de Janeiro. Por sua importância, além de um monumento, também tem seu nome em uma escola municipal no bairro de Matatu de Brotas e em uma praça no Doron.
Maria Felipa
Da Ilha de Itaparica, Maria Felipa de Oliveira era pescadora e marisqueira. Negra, ela liderou um grupo de 40 mulheres escravizadas. Elas ficaram seminuas para atrair os soldados portugueses, que deixaram as embarcações e foram nadando até a praia. Porém, quando chegaram à areia, foram recebidos com cansanção, planta que leva a uma coceira intensa. Enquanto os homens sofriam na areia, Maria Felipa e as outras mulheres incendiaram as embarcações dos inimigos. Participou de outras batalhas também em Itaparica. Em 2018, foi declarada heroína da pátria. Também dá nome a uma escola municipal, no bairro de Tancredo Neves.
Pierre Labatut
Militar francês, Pierre Labatut já havia lutado pela independência da Amércia Espanhola. Foi essa experiência que fez com que ele fosse contratado por Dom Pedro para organizar as tropas que lutavam pela independência. Estava à frente do exército brasileiro em um momento crucial: a batalha de Pirajá. As tropas baianas estavam citiadas no bairro de Pirajá pelas forças de Madeira de Melo, no dia 8 de novembro de 2022, quando conseguiram reverter a situação graças a outro personagem. Foi homenageado na Rua General Labatut, nos Barris.
Corneteiro Lopes
O corneteiro Lopes é um dos personagens considerados “românticos” pelos historiadores, pois sua participação não tem muitas comprovações. A história mais contada é de que ele era responsável por emitir os toques de corneta que mandavam os comandos para as tropas, e havia sido orientado a mandar a mensagem para que os baianos recuassem. Porém, quando os portugueses ouviram a corneta que indicava um ataque, entraram em pânico: a mensagem era “avançar e degolar”. Assim, os próprios portugueses acreditaram que os baianos tinham recebido reforços, e decidiram recuar as tropas. Com a sangrenta batalha de Pirajá, o general português e suas tropas foram expulsos do Brasil.
José Joaquim de Lima e Silva
Militar brasileiro, José Joaquim de Lima e Silva foi presidente da província da Bahia. Assumiu o exército depois de Labatut ser deposto. Foi ele que liderou as tropas pela “estrada da liberdade”, quando voltaram à capital baiana no dia que ficou marcado como a Independência da Bahia. Foi homenageado pela rua Lima e Silva, em Sussuarana.
Lord Cochrane
Almirante da marinha brasileira, Thomas Cochrane foi um escocês que participou das ofensivas contra os portugueses. Em maio de 1823, recebeu a missão de fazer um bloqueio náutico para impedir a chegada de reforços da Europa pelo mar. Sua tática não foi capaz de expulsar os portugueses, mas os europeus foram considerados derrotados taticamente. Depois da batalha no mar, o almirante permaneceu em Morro de São Paulo, onde manteve o bloqueio contra eventuais auxílios aos portugueses, e ainda conseguiu capturar embarcações dos inimigos. Além de uma rua no bairro da Barra, também nomeia uma praça na Graça. Com informações do Bahia Notícias