O ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) decidiu exonerar nesta sexta (2) o diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão, após críticas do governo a dados ”sensacionalistas” do desmatamento na Amazônia. Pontes e Galvão se reuniram por cerca de duas horas na manhã desta sexta. A exoneração ocorre depois de ameaças do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de demitir quem quebrasse sua confiança.
”Se quebrar a confiança, vai ser demitido sumariamente. Perdeu a confiança, no meu entender, isso é uma pena capital”, disse. ”Eu lamento que alguns tenham mandato, não sei se no caso dele tem mandato ou não. A gente não pode tomar uma decisão mais drástica no tocante a isso, porque o estrago é muito grande”, afirmou na quinta (1º).
No dia 21 de julho, Galvão afirmou que poderia até ser demitido, mas que o Inpe não poderia ser atacado. ”A única coisa que o Inpe faz é colher dados, nada mais, mas havia insatisfação sobre isso. Isso estava concentrado no MMA [Ministério do Meio Ambiente] e eu não esperava que subisse à presidência da república, mas aparentemente subiu, não sei exatamente pelo esforço de quem”, disse ao jornal Folha de S.Paulo. Os ataques ao trabalho do Inpe começaram quando os dados do desmatamento do Deter (projeto Desmatamento em Tempo Real) -que visa auxiliar o trabalho do Ibama de fiscalização e combate ao desmate- mostraram acentuado crescimento, com aumento de 88% em junho, em relação ao mesmo mês de 2018. O Inpe vem rebatendo todas as acusações feitas por Bolsonaro e Salles. Nesta quinta, o instituto divulgou nota na qual afirma que seu trabalho ”sempre foi norteado pelos princípios da excelência, transparência e honestidade científica”.