O Ministério Público Federal do Rio afirma que os deputados estaduais Jorge Picciani e Paulo Melo, ambos do PMDB, receberam mais de R$ 112 milhões em propinas num período de cinco anos. Picciani é o atual presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e Melo seu antecessor. Segundo o MPF, documentos levantados ao longo dos últimos seis meses provam que havia ‘uma divisão de poder na organização criminosa’, que não se limitava ao Executivo. ”Essa investigação é um desdobramento da Operação Ponto Final, em que se identificou todo o esquema de corrupção na Fetranspor ao Executivo. Só que, junto com a entrega das planilhas de corrupção do Executivo, essas planilhas também trouxeram a corrupção dos deputados estaduais Paulo Melo e Jorge Picciani”, explicou a procuradora Andréa Bayão Pereira Freire. Segundo ela, a propina paga pelos empresários ligados ao transporte público no Estado era dividida. ”Havia um compartilhamento, um proveito criminoso, de Sérgio Cabral com Jorge Picciani e Paulo Melo. Cabral tinha uma conta de propina na Fetranspor, como já está dissecado na Operação Ponto Final, e havia determinações de saída de recursos dessa conta para conta de Paulo Melo e Jorge Picciani”, narrou Andréa. Os pagamentos eram mensais, de forma a existir um maior controle sobre as ações dos deputados. “Essas planilhas dizem para nós que, no período de 15 de julho de 2010 a 14 de julho de 2015, foram pagos da conta da Fetranspor para Picciani R$ 58,58 milhões, e para Paulo Melo R$ 54,3 milhões. Desse dinheiro, parte foi paga a mando de Sérgio Cabral”, afirmou a procuradora. “Havia um projeto de poder de enriquecimento ilícito por muitos integrantes do PMDB Rio.”