Acusado de ter atacado o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) à faca, Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho e por motivação política. Dentre os motivos estaria o ”discurso de ódio” do deputado federal e candidato à Presidência. É o que sustenta a defesa do acusado, que nesta sexta-feira, participou da audiência de custódia que definiu que Oliveira será transferido para um presídio federal. ”Ele (Adélio) salienta que agiu de forma solitária. Aquele dolo, aquela intenção, era só dele. Não estava mancomunado, não havia concurso de pessoas”, disse o advogado Zanone Manoel de Oliveira Júnior, um dos quatro que defendem o acusado. Segundo Oliveira Júnior, o grupo aceitou defender Adélio ”por questões de igreja e familiares”. Os advogados dizem que o enquadramento na Lei de Segurança Nacional e a transferência para um presídio federal foram corretos, mas afirmam que há ”atenuantes” que deverão ser levados em conta ao longo do processo. Um deles seria uma possível condição de insanidade mental. ”Nós queremos analisar o estado da psique do nosso constituinte, mas nós já estamos numa situação ‘confortável’. Nosso constituinte é confesso. Ele não nega autoria em momento algum e não traz qualquer partícipe, qualquer coautor para os acontecimentos”, disse Oliveira Junior. Segundo o advogado, até mesmo a motivação política do atentado serviria como atenuante. ”A própria motivação política, o próprio discurso de ódio da vítima. Ele (Bolsonaro) trazia, até como meta de campanha… Nosso constituinte (Adélio) é negro, se considera um negro, e aquela declaração de que um negro não serviria sequer pra procriar atingiu de uma forma avassaladora a psique de nosso constituinte”, afirmou o advogado Oliveira Júnior, citando fala de Jair Bolsonaro em palestra na Hebraica do Rio, em 2017. A declaração foi motivo de pedido de processo por parte da Procuradoria Geral da República. ”O discurso foi o combustível. Se tudo na vida existe uma causa, um porquê, esse discurso do candidato, da vítima, é que desencadeou essa atitude extremada do nosso cliente”, insistiu o advogado.