Definitivamente o ano de 2022 não foi de Neymar, nem de Tite, nem de Richarlison… prometeram tudo na Copa, mas não entregaram nada. Na política nacional, certamente, não foi o ano de Bolsonaro, nem de seus apoiadores. E na política baiana, de quem foi o ano? Decerto, não foi de ACM Neto, nem de João Leão e nem de Marcelo Nilo.
Além de perder as eleições, os três sabem que os próximos anos serão cercados de espinheiros e terão que conviver entre escorpiões. Leão foi, sem dúvida, o grande derrotado de 2022. Ficou sem os dedos e sem os anéis. Perdeu o posto de vice-governador, viu o filho Cacá Leão ficar sem mandato e os cargos e os recursos estaduais se esvaíram. Também já está ciente de que ficará sem o comando do partido. “Eu já estou cansado. Já estou há oito anos à frente do PP, chegou a hora de passar para uma dessas meninadas”, disse, no final de semana.
O senador Jaques Wagner foi descortês ao anunciar, em entrevista à rádio Metrópole, sem qualquer comunicado prévio, que o governador Rui Costa não renunciaria e cumpriria todo mandato. O que, por tabela, impediria João Leão de assumir um mandato-tampão de chefe do Palácio de Ondina. Mas, por outro lado, o ainda vice-governador fez um cálculo político equivocado. Foi intransigente em demasia ao colocar, como condicionante para continuar no grupo governista, assumir o governo. Saber a hora de recuar é, com certeza, uma das habilidades imprescindíveis na política.
E sobre Marcelo Nilo, o que dizer? Nilo foi corroído pela vaidade e pela ganância. Errou ao romper cedo demais com a base governista. Ficou sem poder de barganha e perdeu a chance de ter uma vaga na chapa de ACM Neto. Em junho do ano passado, escrevi que Nilo ainda não tinha entendido que dificilmente conseguiria subir mais um degrau na escada da política. O bonde de oportunidades passou e ele não foi “inteligente no jeito de pongar”. Ou melhor: o tempo passou na janela, diria Chico Buarque, e só a Carolina e o Nilo não viram.
No caso de ACM Neto, talvez, ele não tenha perdido. Mas deixou de ganhar uma eleição que tinha muitas chances de vencer. Subiu no salto e, quando quis descer, era tarde demais. Pensou que venceria se evitasse um confronto com Lula. Talvez, tenha subestimado a força política do agora presidente eleito. Não foi capaz de produzir um discurso para os eleitores lulistas. O seu futuro político é quiçá o mais incerto.
Mas, de volta à pergunta do título, de quem foi o ano de 2022 na Bahia? Eu diria que foram três vitoriosos: Rui Costa, Geraldo Júnior e Otto Alencar. Geraldo Júnior tem vivido uma ascensão meteórica. Fez uma aposta arriscada e acertou. Começou o ano como presidente da Câmara de Vereadores e encerrará como vice-governador eleito da Bahia com chance de ser prefeito de Salvador daqui a dois anos. Não é pouca coisa.
O senador Otto Alencar é outro que triunfou neste ano. Foi reeleito sem precisar ser puxado pelo candidato a governador, como ocorreu em pleitos anteriores, viu o crescimento do seu partido e o seu filho, Otto Alencar Filho, ser o mais votado para Câmara dos Deputados. Ademais, virou um dos principais interlocutores entre a sua legenda e o novo governo Lula.
No entanto, a meu ver, o grande vitorioso de 2022, em nosso estado, foi o governador Rui Costa. Após entreveros com o seu padrinho político e amigo pessoal Jaques Wagner, Rui soube ser paciente e inteligente ao recuar do desejo de ser senador. Finda o ano com os bolsos e as mãos cheias de conquistas. Elegeu o seu sucessor, Jerônimo Rodrigues, será o futuro comandante do Ministério da Casa Civil (coração do governo federal) e entrou na lista para ser o sucessor de Lula daqui a quatro. Rui Costa, certamente, não pediu um ano melhor!
*Rodrigo Daniel Silva é repórter da Tribuna