Convidada especial a participar do seminário LGBT da Câmara dos Deputados, a cantora Daniela Mercury emocionou e se emocionou ao lado de sua parceira, a jornalista Malu Verçosa. O evento presenciou beijo entre as duas musas do movimento, ato que foi aplaudido de pé por quem estava presente ao auditório Nereu Ramos. O beijo foi um agradecimento comovido da artista após o discurso de sua mulher. Malu defendeu sua relação com Daniela a partir do conceito de família. Para ela, não é possível afirmar que a relação não se trata de um núcleo familiar. ”Nossa família tem respeito, tem amor. Se isso não é família, não sei o que é. Nossa família existe e ninguém pode dizer que não”. Ao assumir o microfone, Daniela cantou canções e disse que a luta predominante, na sociedade e no Congresso, tem que ser pela luta contra o ódio. Entretanto, reconheceu que a atual configuração legislativa tem auxiliado na perda de direitos e avanço da intolerância. A cantora classificou a situação como ”inaceitável”. ”É inaceitável ainda mais que dentro do Congresso brasileiro, onde todos deveriam estar lutando pela vida, tem gente criando mais ódio. […] Especialmente porque não há ressonância na sociedade brasileira. Convivo com a população brasileira e com a população do mundo. E a população brasileira não quer violência. Isso é coisa de poucas pessoas, marginais, com problemas patológicos. A violência contra mulheres e gays é uma distorção”, defendeu. O papel da religião na justificativa de atos de intolerância também foi abordado pela cantora em sua fala.
Daniela alegou que nenhum comportamento assim pode ter respaldo na Bíblia cristã, uma vez que o Livro Sagrado não recomenda a discriminação entre os humanos. Em um momento polêmico, a cantora afirmou que o mundo vive uma fase moderna, e que não cabe mais a discussão sobre o que a Bíblia orienta em relação ao sexo. ”A gente tem que se cuidar. Eu não estou para discutir o que a Bíblia fala. Desculpe, e eu sou católica. E, pra mim, a Bíblia sempre falou de amor, de tolerância. Quando é outra coisa, não me interessa. Porque é uma coisa que já passou de outro momento da sociedade e, naquele momento, alguns pensavam daquele jeito. Mas sem desmerecer o quão sagrada a Bíblia é para mim. Eu já discuti com o Papa por causa do uso de camisinha”, disparou. Daniela Mercury também elogiou o organizador do seminário, o deputado baiano Jean Willys (PSOL-RJ). Ela valorizou o trabalho pelas minorias feito pelo parlamentar e disse que nas últimas eleições fez campanha para ele pelas redes sociais, embora não pudesse lhe ceder seu voto por ter Salvador como domicílio eleitoral. ”Eu quase troco o meu título de eleitor para ver se eu conseguia [votar em Jean].”