O ex-chefão jurídico da Odebrecht, Maurício Ferro, afirmou à Operação Lava Jato que recebeu US$ 10 milhões via departamento de propinas do grupo. Preso desde quarta, 21, alvo da fase 63 – batizada de Operação Carbonara Chimica -, o advogado disse que o dinheiro eram “bônus” que tinha a receber da Braskem – braço petroquímico do grupo. No sábado, 24, o juiz federal Luiz Antônio Bonat, titular da Lava Jato em Curitiba, converteu a prisão temporária (de 5 dias) de Ferro em preventiva (sem prazo), atendendo pedido do Ministério Público Federal.
Durante a 63.ª fase da Lava Jato, a Polícia Federal encontrou na residência de Maurício Ferro quatro chaves de criptografia que podem dar acesso a pastas da Planilha do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que até então estão inacessíveis para o Ministério Público. O Setor de Operações Estruturadas era o departamento de propinas da empreiteira. Ferro afirmou que não conhece a dinâmica do setor de propinas, mas recebeu dinheiro por meio dele. Seu contato era Fernando Migliaccio da Silva, executivo da área. “Os valores eram bônus, parte de sua remuneração.”, registra o termo do depoimento.
“O declarante acertava com algum líder da empresa para receber algum bônus, ‘por dentro ou por fora’, e Fernando Migliaccio procurava o declarante para operacionalizar o pagamento do bônus.” “Recebeu por volta de US$ 10 milhões da empresa, por meio do Setor de Operações Estruturadas”, afirmou. “Isso ocorreu entre os anos de 2010 e 2011.” *Estadão