Ao explicar a sua participação na negociação de compra de vacinas da AstraZeneca, o tenente-coronel Marcelo Blanco apresentou uma série de mensagens trocada com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que dizia representar uma empresa americana.
Os áudios e mensagens mostram que Blanco, que nesse momento já havia saído do Ministério da Saúde, tratando de negociação de venda de vacinas para a iniciativa privada. As conversas se deram no mês de fevereiro, entre 9 e 22.
Os membros da CPI apontaram então que se tratava de uma atividade ilegal, uma vez que a legislação que autorizava a compra de vacinas pela iniciativa privada apenas foi sancionada no dia 11 de março.
”A primeira menção a se ter uma lei é do dia 18 de fevereiro. A primeira reunião ocorre no dia 21 de fevereiro, eu participei, sob a resistência do governo [ao projeto de lei]”, disse o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues.
Randolfe ainda explica que a legislação sancionada permite a compra por iniciativa privada apenas após a vacinação de todos os grupos prioritários pelo Programa Nacional de Imunizações. O projeto de lei que previa a compra imediata por iniciativa privada só viria a ser apresentado e aprovado pela Câmara dos Deputados em março. A proposta acabou engavetada no Senado.
Ao se justificar, Blanco disse que estava apenas se adiantando, para estar preparado quando a legislação fosse aprovada.
”Eu só estava querendo construir um modelo de negócio”, afirmou.
”A gente vem acompanhando [o debate] no que é público. E eu falei para ele [Dominghetti] ‘precisamos desenhar uma estratégia almejando esse mercado’. Eu gostaria de ter algo já desenhado”, completou Blanco.
*por Julia Chaib e Renato Machado/Folhapress