CONSÓRCIO DE SAÚDE: Por que os prefeitos não querem ouvir à sociedade?

SouzAndrade

Quando o assunto é saúde pública, estamos desesperadamente pedindo socorro. De repente chega o governador da Bahia e apresenta o projeto de criação dos Consórcios de Saúde com a construção de dezenas de Policlínicas. No caso de Jequié, os prefeitos se apressaram em elaborar um documento e entregaram ao Rui Costa, no qual afirma que os caminhos estão pavimentados para a construção de uma dessas unidades. Veja só como são as coisas. Vários vereadores de diferentes municípios da região, sem ouvir os demais colegas foram logo assumindo o compromisso de aprovação da proposta. É que o projeto só vinga se passar pelo crivo da câmara de vereadores. Em geral, as pessoas até entendem a boa vontade dos prefeitos e destes vereadores, mas nenhuma decisão deve ser tomada de cima para baixo. Passou o tempo em que programas e projetos eram criados e enfiados goela abaixo do povo sem audiência pública, sem uma discussão ampla a partir de debates com a sociedade. Na região de Jequié, por exemplo, são quase trinta municípios. Todos os vereadores devem opinar. O mesmo vale para os conselhos municipais de saúde, legítimos representantes do controle social.

O governo anunciou que os investimentos em uma policlínica devem girar em torno de R$ 12 milhões. Cada cidade vive uma realidade. Então, surge a pergunta: Será mesmo que esses investimentos são uma prioridade absoluta?

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia, José Magalhães, que é um médico ginecologista e obstetra com mais de 27 anos de atuação, “essa história de consórcio não vai resolver o problema”. Ele disse que conhece muito bem a realidade da saúde no interior da Bahia e deu uma cutucada nos prefeitos. Disse o seguinte: “nenhum deles (prefeitos) querem ver saúde de qualidade. Eu não conheço um que tenha feito um investimento para querer uma saúde de qualidade, eles querem tudo dado”. O presidente do Sindicato dos Médicos citou como exemplo o programa “Mais Médicos” do governo federal, que levou muitos prefeitos a dispensarem profissionais que eram contratados das administrações municipais.

Da maneira como o governo coloca, o projeto deve ser implantado e pronto. Mas não é bem assim que a banda toca. Já não basta ter fechado as Dires, incluindo a de Jequié sem ouvir ninguém, nem prefeito, nem vereador, nem o deputado, muito menos o povo. Jequié perdeu sua autonomia, jogando a saúde de nossa região para Ilhéus, como se Jequié não tivesse capacidade de sequer opinar sobre os assuntos que lhe diz respeito. A região inteira vem sendo prejudicada com isso.

Fica aqui o alerta, inclusive para os vereadores, deputados, para a prefeita, conselho municipal de saúde e representantes de outras entidades, para que as decisões sejam tomadas em consonância com as reais necessidades da população e não de acordo com as vontades alheias aos interesses do povo de Jequié e região.

Por Souza Andrade