A comunicação de Rui Costa

Lyra

E xiste hoje na Bahia uma expectativa muito grande sobre o que acontecerá com a comunicação institucional do governo do estado. À frente da Secretaria de Comunicação está o jornalista André Curvello, profissional conceituado, que entende muito bem do setor. Durante um papo rápido com o titular da pasta, que substitui o engenheiro eletricista Robinson Almeida, foi possível perceber três pilares da nova política de comunicação do governo Rui Costa. A primeira será o aproveitamento do largo potencial das redes sociais para se comunicar. A segunda será a interiorização das ações da pasta. Já a terceira será uma maior democratização no acesso às verbas publicitárias, também com destaque para o interior.

Pelo que se comenta na Governadoria, o entendimento do novo secretário é que a comunicação institucional do governo terá que acompanhar a nova dinâmica social, com suas nuances e mudanças, sobretudo, através das redes sociais. A ideia, desde já, é acompanhar e se render à ditadura da tecnologia. Até porque, não dá para continuar gerindo um setor tão sensível e estratégico para qualquer ente público (e privado também), se não se atentar a essas modificações e ao peso junto ao eleitor-cidadão. E isso, lógico, exige uma mudança radical na forma de se comunicar através da plataforma digital.

Como já dizem, as redes sociais funcionam hoje como verdadeiras praças públicas. Portanto, é acertada a estratégia da Secretaria de Comunicação de mirar diretamente no cidadão, nas suas demandas, críticas e sugestões, com o objetivo de fazer uma revolução do setor, comunicando diretamente através de uma ampla interatividade, o que, lógico, não acontecerá da noite para o dia.

Outro ponto de destaque na nova política de comunicação se dará pela estratégia de André e sua equipe, de interiorizar, ou seja, regionalizar a Secom. E de que forma? Criando núcleos, que ele prefere não tratar como sucursais, em cinco ou sete regiões distintas da Bahia. O ponta-pé está sendo dado em Feira de Santana, numa espécie de laboratório do que pretende estender para as outras regiões baianas. A ideia é assumir um papel de interlocução junto aos veículos e comunicadores, percebendo as diferenças sociais e culturais das microrregiões.

O maior entrave, portanto, é de caráter administrativo, pois, apesar de não terem perdido cargos na reforma administrativa feita pelo governador Rui, faltam espaços para montar uma estrutura maior de comunicação, com perfil de sucursal. Em Feira, por exemplo, a jornalista Neire Matos assume esse desafio. A previsão inicial é de ter três ou quatro jornalistas na equipe, com possibilidade (hipotética ainda) de chegar a até dez no final do ano. A ideia é que esses jornalistas sintam o termômetro das cidades e das regiões onde estarão alocados.

Serão levantados os principais veículos, sejam sites, rádios, revistas, jornais e tevês, para que haja uma maior interação entre a comunicação governamental e os veículos de imprensa. A meta de André é estabelecer um relacionamento direto com a categoria, sobretudo, na geração de conteúdo regional, criando uma relação de maior proximidade com jornalistas e radialistas. E, para isso, as bases no interior serão fundamentais. “Até porque, muito do que acontece em Salvador não é visto e percebido no interior e vice-versa”.

O governador Rui Costa já sinalizou, inclusive, com a possibilidade de abertura na agenda para atendimento à imprensa semanalmente ou a cada 15 dias, numa espécie de programa Café com Rui, onde, por uma hora, os jornalistas estabelecerão contato direto com o petista. “O papel da comunicação é prestar contas para a sociedade, dando total transparência aos atos e ações do governo. Por isso, o foco será sempre a agilidade nas respostas e na busca por uma maior informação ao cidadão”, explica.

A ideia é ter respostas rápidas e consistentes para as demandas surgidas na imprensa. “Não vamos deixar nada sem resposta”. Até porque, a expectativa do secretário é que a comunicação funcione em cadeia, com o cuidado e acompanhamento da informação, evitando, assim, que ela seja divulgada de forma truncada ou não chegue ao cidadão. “O que é fundamental agora é conversar olho no olho com os colegas de profissão, para que a gente busque sempre melhorar o setor de comunicação institucional do governo”, diz André, que vai liderar pessoalmente esse processo.

Mudança à vista também na área da publicidade governamental. Haverá um esforço de interiorizar o acesso às verbas públicas, para todas as regiões, com o máximo de agilidade e transparência, do maior ao menor comunicador. A ideia é que não aconteça investimento mensal nos veículos, mas, sim, a autorização de campanhas específicas, administrando o orçamento através de critérios técnicos e da forma mais democrática possível.

Por Osvaldo Lyra