Hábito praticado por um quarto da população brasileira nos anos 80, o uso do cigarro tem diminuído gradualmente no país a cada década. Dados revelam que, em 2018, apenas 9,3% dos brasileiros se consideravam fumantes, e embora a diminuição seja animadora para saúde coletiva, a prática parece ter se renovado e encontrado um público mais jovem através de sua ”evolução tecnológica”: o cigarro eletrônico.
Embora seja proibido no país desde 2009, os vaporizadores, como são chamados, podem ser facilmente encomendados na internet. Enquanto projetos de lei são desenvolvidos para tornar contrabando a aquisição desses cigarros, argumentos dos simpatizantes apontam que os vaporizadores são menos prejudiciais que o cigarro natural. Contudo, especialistas da área de saúde, como a dermatologista Dra. Juliana Chieppe, apontam o contrário.
”Não há base científica alguma que comprove a segurança dos cigarros eletrônicos. Enquanto são necessárias pesquisas a respeito do seu efeito a longo do tempo, sabe-se que a curto prazo eles causam danos muito graves”, revela Dra. Juliana, que é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
Para a profissional, a pele é um dos órgãos que mais sofre com o efeito dos vaporizadores. ”Dermatite de contato, queimaduras térmicas – causadas pelo calor – e lesões da mucosa oral, como estomatite, são algumas das consequências comumente vistas em consumidores de cigarro eletrônico”, afirma a especialista.
Sobre o melhor tipo de prevenção para esses problemas, a dermatologista aponta que o indicado é simplesmente evitar o uso. ”Já há noções do risco que esses cigarros fazem ao pulmão e à pele; o tratamento depende do tipo de lesão. Porém, ainda são necessários mais estudos científicos que esclareçam os efeitos dos vaporizadores a longo prazo, e até lá, o mais prudente a ser feito é não os utilizar”, alerta.
Por fim, a doutora desmistifica a suposta natureza inofensiva do produto. ”Não é só um dispositivo que apenas elimina vapor d’água; ele contém substâncias tóxicas. Estudos já demonstraram que o cigarro eletrônico aumenta o risco de infarto agudo do miocárdio e de doenças respiratórias e pulmonares, como a asma”, conclui.
*Por Juliana Chieppe, dermatologista!