Em 2010, Eike Batista era o homem mais rico do Brasil e sétimo do mundo quando anunciou que tinha interesse em construir um estaleiro na região de Biguaçu, na Grande Florianópolis. Prometia gerar 5 mil empregos, investir R$ 2,5 bilhões e desenvolver a indústria naval no Estado. O frenesi entre empresários e políticos na época foi total. Se alguém dissesse que os negócios do empresário não eram sólidos ou que ele estava blefando para barganhar incentivos fiscais, seria tachado de louco. Se alguém dissesse que aquele milionário acabaria arruinado e preso, seria tachado de lunático. Chegamos a 2017 e a Operação Eficiência, deflagrada na manhã desta quinta-feira, está aí. Midiática como costumam ser todas as etapas da Lava-Jato, expediu mandados de prisão para nove pessoas, entre elas o empresário Eike Batista. As empresas do milionário já não valem um vintém, os esquemas vieram à tona, e o passado das empresas marcadas pelo X com Santa Catarina está aí para ser lembrado. Movimentos de defesa do meio ambiente e órgãos federais, principalmente o ICMBio e o MPF, levantaram, na época, o debate sobre o impacto que o estaleiro causaria em uma área de preservação permanente. As assembleias públicas foram palco de intensa discussão. Houve quem dissesse que o desenvolvimento econômico acabou perdendo para os ecochatos. No fim das contas, Eike levou o estaleiro para o Porto de Açu, no Rio de Janeiro, Estado com o qual o empresário está agora sendo acusado de ter relações duvidosas — para o governador Sergio Cabral, ele teria pago US$ 16,5 milhões, segundo a Polícia Federal. O terreno de 4 milhões de metros quadrados em Biguaçu ainda está parado. Parte dele, trocou de mãos em 2013, por R$ 60 milhões. O prometido Jardim Botânico para Florianópolis e um Instituto Técnico Naval para o Estado também não saíram do papel. Em 2010, houve quem dissesse que Santa Catarina tinha perdido para uma dezena de golfinhos. Bem, a APA de Anhatomirim está preservada. Alguém duvida que a Sotalia guianenses é uma espécie muito inteligente?