A cantora baiana Margareth Menezes tomou posse, na noite desta segunda-feira (2), como ministra da Cultura do Brasil. O evento ocorreu em Brasília e teve as presenças da primeira-dama, Janja Lula da Silva; da historiadora Lilia Moritz Schwarcz; da atriz Elisa Lucinda; da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT); entre outras lideranças políticas e ativistas da área cultural.
A posse foi marcada por um clima inegável de festa pelo retorno da pasta, esvaziada durante a gestão de Michel Temer (MDB) e abolida pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). A plateia presente interrompeu discursos em diversas oportunidades, com longos aplausos e gritos de apoio à nova ministra.
”Eu, Margareth Menezes da Purificação, sou cidadã brasileira de raízes afro e indígena, criança nascida na periferia de Salvador, na península de Itapagipe, no estado da Bahia, do Nordeste Brasileiro”, se apresentou Margareth.
Em seu discurso, a diva do samba-reggae baiano sugeriu que o Ministério da Cultura havia sido descontinuado intencionalmente, para atingir a capacidade de transformação do povo brasileiro.
”A cultura incomoda, a cultura mexe, a cultura desobedece, e floresce, e por isso ela é também expressão democrática e de direitos. Dentro dela, a arte oxigena porque revolve camadas profundas do nosso viver e do nosso ser. Cultura e arte são ferramentas de transformação constante. Quanto mais tentam freá-las, mais revolucionárias serão” avaliou a nova ministra.
O novo secretário-executivo da pasta, Márcio Tavares, indicado por Janja, também discursou no evento e ressaltou algumas das prioridades da gestão petista à frente da Cultura. Segundo ele, políticas de apoio à classe artística prejudicada durante a pandemia serão colocadas para funcionar.
”Nós conquistamos uma estrutura para o ministério, que dará conta da gente reconstruir as políticas da Cultura. Isso foi fruto do trabalho de muita gente. Nós vamos conseguir executar a Lei Paulo Gustavo, a Lei Aldir Blanc 2. A Cultura voltou, a Cultura tomou posse e o Ministério da Cultura é de todos vocês”, afirmou o historiador Márcio Tavares, indicado para secretário-executivo da pasta.
O evento também foi recheado de desabafos sobre os quatro anos de gestão bolsonarista, amplamente criticada pelos presentes.”Ainda bem que o pesadelo acabou. Eu me sinto tão privilegiada, ministra Margareth, por estar vivendo este momento do renascimento do Ministério da Cultura. Porque o fascismo, a primeira coisa que ele faz é atacar os pensadores daquela sociedade, os professores, os filósofos, os progressistas, os artistas, aqueles que retratam a sociedade”, avaliou Elisa Lucinda.
Durante os discursos, as canções ”Sinal Fechado”, de Nelson Cavaquinho; e ”A Cara do Crime”, de Mc Poze do Rodo foram entoadas por Lilia Schwarcz e Elisa Lucinda, respectivamente, animando a plateia.
Ao final do seu discurso, Margareth também aproveitou para cantar, entoando a música ”Chamamento”, de composição dos baianos José Carlos Capinan e Roberto Mendes. ”Manda chamar os índios, manda chamar os negros, manda chamar os brancos, mandar chamar meu povo, para o rei Brasil renascer, renascer de novo”, diz parte da letra.