Cansaço, tristeza, falta de ar e vontade de ficar somente em casa. A princípio, esses parecem ser apenas sinais de que um determinado dia não foi bom. Porém, quando eles se tornam frequentes, é preciso ficar de olho, pois podem indicar a ocorrência de problemas psicológicos como Ansiedade e Depressão. De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será até 2020, o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo. No Brasil, cerca de 5,8% da população tem a doença, o que faz do país o campeão de casos na América Latina. Dentre os sintomas mais básicos estão a tristeza sem relação com a vida pessoal, culpabilização, perda de energia, alteração do sono e do apetite, entre outros. Essa foi a realidade enfrentada por uma jovem de 16 anos. A adolescente, diagnosticada com ansiedade e depressão, conta que descobriu o transtorno durante a volta às aulas no ano de 2015. ”Quando me trocaram de turno, acabei desenvolvendo uma fobia de abandono. Eu caía em desespero e chorava incansávelmente antes de me arrumar para a escola. Até hoje sinto isso quando penso em algo relacionado ao futuro e a novos cursos”, diz. Atualmente, o seu quadro melhorou e para ajudar, a estudante faz um calendário semanal para contar o tempo que falta para os recessos escolares. Aos 33 anos, a jornalista Solange* também convive com as duas condições. ”Nos momentos de crise, sinto fadiga, dor nas costas, tristeza, falta de ar, dor no peito, falta de vontade de sair da cama e apetite aumentado”, afirma. Devido aos problemas, ela já chegou até mesmo a perder um emprego, após três meses de contratada. ”Achava que todos na empresa estavam contra mim e que nada do que eu fazia dava certo. Daí, fui passando a não saber administrar isso, e acabei demitida”, lamenta. Ainda segundo a OMS, mulheres jovens, grávidas ou em período pós-parto e idosas representam a parcela que mais sofre com a doença, na qual o índice de incidência chega a ser 150% maior do que entre homens. A comunidade científica não possui uma explicação concreta para o fenômeno, mas alguns membros possuem teorias baseadas no convívio com pacientes. A psiquiatra Miriam Elza Gorender é uma delas. Membro da diretoria da Associação Psiquiátrica da Bahia, a médica confirma o dado e acredita que pessoas com algum tipo de dificuldade estão mais suscetíveis ao problema. ”Pessoas desempregadas ou que passaram por algum evento estressante são os maiores pacientes”, conta.
Ansiedade, o mal do século e do Brasil
A ansiedade, considerada por especialistas o mal do século também vêm ganhando espaço entre os transtornos mais sentidos pelo brasileiro. Um levantamento realizado no ano de 2018 pela OMS constatou que o Brasil está no topo, com 9,3% da população manifestando o quadro. Assim como a depressão, foi visto que o sexo feminino é o que mais sente as consequências com 7,7% sendo ansiosas e 5,1%. Nos homens, a porcentagem cai para 3,6% em ambos os casos. A disfunção engloba outras, como ataques de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, fobias e estresse pós-traumático, porém, como explica Miriam, ela não é considerada uma patologia. ”A ansiedade até certo nível, é algo normal da natureza humana. Mas quando ela começa a paralisar a pessoa, precisa ser analisada. Porém, a ansiedade é um sintoma para outros transtornos, e não a doença em si”, diz.