A declaração de Jair Bolsonaro de que tem vontade de privatizar a Petrobras é ‘contraditória e escabrosa”, segundo Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros).
Ele afirma que a fala do presidente nesta quinta (14) é uma tentativa de se desvencilhar das altas sucessivas de preço de combustível, mas foi Bolsonaro quem nomeou o general Joaquim Silva e Luna como presidente da estatal neste ano.
”Como presidente, Bolsonaro deveria usar o poder da sua caneta para fazer uma política de preços diferente na Petrobras, sem atrelar os derivados de petróleo ao mercado internacional e à variação do dólar. Ele quer tirar a responsabilidade que é dele e jogar para a iniciativa privada”, afirma Bacelar.
Ele também diz que é triste ver o apoio de Arthur Lira à privatização da Petrobras, porque, como alagoano e nordestino, o presidente da Câmara deveria entender a importância da estatal para o desenvolvimento da região.
Bacelar considera que o projeto aprovado na Câmara nesta quarta-feira (13), propondo mudança na regra sobre o ICMS de combustíveis, é apenas um paliativo para a alta dos preços. Segundo ele, a FUP vai intensificar sua presença no Senado nas próximas semanas para falar do assunto.
A declaração de Bolsonaro sobre a privatização da Petrobras foi feita em uma entrevista à rádio evangélica Novas de Paz, de Pernambuco, nesta quinta. O presidente se queixou de não poder direcionar o preço do combustível por ser crime de responsabilidade, mas de levar ”a culpa” pelo aumento dos valores.
”Já tenho vontade de privatizar a Petrobras, tenho vontade. Vou ver com a equipe da economia o que a gente pode fazer”, disse Bolsonaro.
*Joana Cunha, Folhapress