Apoiadora de primeira hora e um dos pilares da campanha de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, a bancada evangélica prepara a divulgação de um manifesto de independência ao governo. O posicionamento deve ser lançado logo após a eleição do novo líder da frente, a ser escolhido nas próximas semanas. Os parlamentares do grupo reclamam da falta de diálogo com o governo e também de falta de espaço na Esplanada. A última reunião da bancada com Bolsonaro foi em 18 de dezembro, ainda durante o período da transição, desde então, o presidente só recebeu alguns membros individualmente, o que desagrada parte do grupo. A bancada foi uma das primeiras a declarar apoio ao Bolsonaro. Eles lançaram em outubro do ano passado o ”Manifesto à Nação”, em que declaravam o apoio ao candidato do PSL. A mais recente baixa na conta dos evangélicos, dentro do governo, foi a exoneração de Pablo Tatim, ex-subchefe de Ações Governamentais, cuja indicação foi referendada pela frente. A exoneração saiu nesta sexta-feira, 8, no Diário Oficial da União. Ele foi coordenador jurídico do gabinete de transição de Bolsonaro e, no governo, trabalhava com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. As rusgas da bancada com o presidente, no entanto, começaram ainda no período da transição, quando Bolsonaro ignorou as indicações dos evangélicos para ministérios, como o da Educação. A bancada evangélica já havia afinado o discurso e decidiu votar alinhada com o governo apenas nas pautas relativas a temas de costumes. Na semana passada, o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) usou o Twitter para mandar um recado. ”Vocês não pediram minha opinião, mas deixo aqui humildemente a mesma. A comunicação está péssima”, escreveu, emendando um apelo: ”Quando o governo resolve governar sozinho, se torna um gigante com pés de barros. O que adianta ter a estrutura que tem se o alicerce é frágil? O presidente tem que cimentar os pés. E isso se faz chamando as bancadas para conversar”, disse. Após a publicação, Feliciano foi escolhido para ser um dos vice-líderes do governo na Câmara e pondera que pode usar a posição para reaproximar a frente do governo. ”Talvez o manifesto não seja necessário”, disse.