“Ah, minha filha. Arrumar emprego aqui é difícil demais. O povo vai todo pra São Paulo”. O depoimento de dona Lindaura Vieira de Souza resume a situação do município onde ela mora: Tremedal, na Chapada Diamantina. A cidade é a pior em desenvolvimento econômico de todos os 5.565 municípios existentes no país, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), um estudo anual da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Além de Tremedal, outros cinco municípios baianos estão entre os 15 piores do Brasil: Gongogi, Mansidão, Pilão Arcado, Arataca e Tabocas do Brejo Velho (ordenados do pior para o melhor colocado). Para determinar o índice de desenvolvimento dos municípios, a Firjan considerou três indicadores: emprego e renda, educação e saúde, atribuindo notas de 0 a 1 a cada um deles. Os dados se referem ao ano de 2010.
No caso de Tremedal, por exemplo, o índice mais crítico foi o de emprego e renda, que obteve nota 0,1. A dona Lindaura do início do texto conta que emprego por lá, só na prefeitura. “O resto é só lojinha, lanchonete… não rende nem um salário mínimo”. Ela tem três filhos, mas nenhum mora na cidade “Estão todos trabalhando em São Paulo. Já conseguiram comprar casa, carro. Estão todos bem, graças a Deus”, comemora a dona de casa, que também vivia em São Paulo, mas teve que voltar há alguns meses para cuidar dos pais idosos. O prefeito de Tremedal, José Bahia (PP), confirma cada palavra de dona Lindaura. “Aqui não tem investimento privado nenhum. Dos 17,7 mil habitantes, 1,5 mil trabalham na prefeitura e outros 4 mil vivem do Bolsa Família. A maioria vai embora para São Paulo, sempre foi assim” , relata. Segundo ele, a maior dificuldade está no clima da região: “O município fica no semiárido, e 60% da população vive na zona rural. Como temos grandes problemas com a seca,com a falta d´água, fica difícil administrar”, relata Bahia. Informações do Correio