As empresas de telefonia no Brasil e notadamente as operadoras de conexão de internet em plena era G5, parecem ainda que são movidas a vapor, tal a incompetência em poder gerir o atendimento entre os milhões de clientes. Suas propagandas nas emissoras de TV, criadas por cabeças ilustres da publicidade, são muito bem feitas, mas passam a impressão de que estão numa realidade paralela; numa quinta dimensão. Isso pode ser sentido quando se coteja o que as mensagens publicitárias dizem de eficiência, atendimento, e até velocidade, propondo respeito por entregar o que foi contratado com a realidade nada virtual. Na hora de vender seu produto o marketing e o telemarketing fazem bem o seu papel. No momento, por exemplo, de agendar uma visita técnica estamos plenamente no passado. E vou contar uns casos. Aguarde.
Antes vou relembrar que no século XIX a telefonia era algo fácil de acontecer. Poucos milhares tinham aparelho de telefone em casa e quando queriamfalar com alguém bastava ligar um número fixo que a ligação caia na mesa de uma telefonista que passava a ligação para a outra pessoa. Claro que como toda boa fofoqueira, vez que fofoca é um hábito salutar no Brasil desde que os portugueses a trouxeram há uns quinhentos anos, ficava ouvindo a conversa e daí todos passavam a saber das ”últimas”.
Depois vieram os telefones públicos e os orelhões onde quem estava na fila esperando vez ouvia a conversa ou a lamúria de quem colocava a ficha para falar três minutos e a ligação não levava nem a metade do tempo. Ou seja: desde sempre que as empresas de telefonia aprontam com os seus clientes. Não é coisa de agora.
Mas, daí veio a telefonia celular e quando todos pensavam que a modernidade iria dar um novo alento, viu-se que as empresas que atuam no Brasil continuam verdadeiros ”cacetes armados”, improvisando, indo na base do errar e acertar. Parece que as telefônicas vivem de tentar resolver e não sabe como.
Tive problemas com a Oi e seu Velox, a internet de alta velocidade. Contratei uma velocidade de não sei quantos megas e não conseguia atuar nem com a metade e muitas das vezes a velocidade caia para quase zero. Mudei para a Vivo Fibra achando que estaria fazendo um grande negócio. Até que a velocidade contratada é quase que alcançada, embora tenha dias que parece um trem cheio de carga, que anda se arrastando.
Mas o pior é saber que se ocorrer um problema como ficar sem conexão num fim de semana está roubado. Liga-se para o atendimento central da empresa e se não consegue resolver como uma ”carga” mágica que enviam dessaindigitadacentral, mesmo que solicitemos com toda bizarria, fica a ver navios. A pessoa da central explica que na região tal, como é o caso de Salvador, na Bahia, não haver atendimento nos finais de semana e feriado. E quando é feriado prolongadocomo ocorreu comigo recentemente? A pessoa fica desconectada por dias. Imaginem isso nesses tempos em que tudo é via Wifi!
As operadoras de telefonia e de internet brasileirasprecisam tomar vergonha na cara e passar a atuar com profissionalismo. Ninguém mais aguenta improvisos tecnológicos e pós-venda ao nível de feira livre. E a Anatel que tomada por indicações de políticos que recebem ”verba” das empresas se finge de surda e muda. Fica ”desligada”.
Antigamente, quando menino, a gente brincava de telefonar falando na lata. Era uma lata de um lado e outra do outro lado ligadas por umcordão. Se o cordão quebrasse trocava-se rapidamente. Mais ágil e eficiente que as empresas de tecnologia que atuam no Brasil e que nos servem neste século XXI como se fosse na Idade Média.
*Jolivaldo Freitas é Escritor, jornalista e publicitário