Depois da denúncia de falta de anestesistas no Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, a Secretaria Estadual da Saúde da Bahia (Sesab) publicou uma portaria com a atualização dos valores pagos aos profissionais dessa especialidade. A unidade também abriu credenciamento para a contratação de mais anestesistas.
O autônomo Pedro Andreoni Gonçalves está com a filha, de dois meses, internada no hospital. A paciente nasceu com uma malformação no sistema nervoso e passou por três cirurgias, mas nenhuma delas foi realizada nas datas que foram marcadas.
“Sempre marca e desmarca . Quando a gente vai ver o motivo no no centro cirúrgico, é a falta de anestesistas”, disse o pai da bebê. Uma quarta cirurgia esta marcada para o sábado (17). ”Eu estou desesperado, tenho medo de minha filha morrer aqui”, lamentou o autônomo.
O relato de Pedro Andreoni Gonçalves reflete o drama que muitos pacientes tem vivido nos últimos meses. Pessoas que têm cirurgia marcada mas não conseguem realizar o procedimento.
Por telefone, a produção do BATV, programa da TV Bahia, conversou com uma funcionaria do hospital, que pediu para nao ser identificada. Ela confirma que os cancelamentos de cirurgias têm sido constantes no hospital.
”Os pacientes chegam na iminência de entrar para a sala de cirurgia, aí chega uma urgência e as cirurgias são suspensas, as cirurgias deles. Os acompanhantes e os pacientes ficam muito sofridos com essa situação. e aí elas são suspensas porque só tem um ou dois anestesistas”, disse a funcionária.
”Um já tá ocupado, o outro tem que suspender a cirurgia porque ‘vai fazer’ a urgência”, concluiu. O Roberto Santos é o maior hospital público da Bahia. A unidade tem 640 leitos e é referência para tratamentos de média e alta complexidade.
Segundo a unidade, são mais de cinco mil procedimentos que necessitam de anestesia, por mês. Mas muitos pacientes dizem que não conseguem fazer as cirurgias justamente porque falta esse profissional.
Atualmente, 52 anestesistas atuam no local. O diretor-geral do Hospital Roberto Santos, Adil Duarte, diz que o número atual de anestesistas nem sempre consegue atender à demanda da unidade.
“Essa falta nunca aconteceu. Houve, na verdade, dentro do nosso conceito, uma redução, e tem sido progressiva”, disse Adil Duarte. O diretor-geral do hospital diz que muitos profissionais, que tem salários que variam por produtividade, optam por trabalhar em outros locais.
”Os valores que estavam sendo pagos, eles não estavam sendo competitivos para o mercado”. Na quinta-feira (15), a Sesab publicou uma portaria atualizando os valores pagos aos anestesistas do Roberto Santos, Hospital Geral do Estado e Ernesto Simões. Com informações do G1