Aliados de Jair Bolsonaro (PL) têm a expectativa de que ele anuncie apoio a Pablo Marçal (PRTB) já na noite de domingo (6), caso o influenciador passe para o segundo turno e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato oficialmente endossado pelo ex-presidente, não.
Bolsonaro vem sendo aconselhado por pessoas próximas a fazer esse gesto, mas ainda não respondeu se seguirá a orientação. Para membros do seu entorno, é importante que o ex-presidente anuncie o apoio para tomar a frente do processo e não deixar a impressão de que agiu pressionado por seu eleitorado ou mesmo por Marçal.
Segundo essa avaliação, o gesto poderia colocar Bolsonaro na posição de um líder da direita que acolhe um aliado, Marçal, no grupo. A demora para manifestar apoio ou mesmo a recusa podem passar a impressão de que o ex-presidente coloca seus interesses individuais acima daqueles de seu grupo político, ainda mais em uma disputa contra um candidato de esquerda como Guilherme Boulos (PSOL), avaliam esses aliados.
Ainda que tenha feito acenos recentes ao bolsonarismo por meio de entrevistas em que criticou a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid e defendeu a possibilidade de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Nunes nunca caiu nas graças do movimento liderado pelo ex-presidente. O próprio Bolsonaro disse, em agosto, que o emedebista não era seu candidato dos sonhos.
Nas últimas semanas, deputados bolsonaristas decidiram apoiar publicamente Marçal, e Bolsonaro não se opôs. Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP) e Ricardo Salles (Novo-SP) foram os principais nomes envolvidos nessa movimentação. Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (3) mostrou Nunes e Marçal empatados com 24% das intenções de voto, atrás de Boulos, com 26%.
O influenciador disparou entre os eleitores de Bolsonaro e saltou de 43% para 51% das intenções de voto desse grupo na última semana, enquanto o emedebista fez o movimento contrário, de 39% para 32%.
*por Guilherme Seto/Folhapress