Em meio à divulgação na imprensa baiana da lista dos prefeitos e ex-prefeitos sujeitos a inegibilidade por terem suas contas reprovadas pelo TCM, e pelas câmaras municipais, o ex-chefe do Executivo de Jaguaquara, Ademir Moreira, até então PMDB, e que aparece na lista negra do Tribunal de Contas dos Municípios, parece não ter visto com bons olhos a possibilidade levantada pelo Jornal Tribuna da Bahia, na segunda-feira (27/7) de que poderá ficar impedido de disputar cargo eletivo nas próximas eleições. Ademir, afastado dos bastidores da política local, desde que deixou o cargo após apoiar a candidatura do atual prefeito do município, Giuliano Martinelli (PP), atua como assessor de gabinete do ex-deputado e vice-governador João Leão (PP), em Salvador. Nos meios políticos de Jaguaquara, as informações são de que a relação do ex-prefeito com o atual ”azedou”, depois de que os vereadores aliados de Giuliano reprovaram as contas de Ademir, referentes aos exercícios financeiros de 2011 e 2012, o que já configura inegibilidade. O ex- mandatário, apesar demonstrar-se insatisfeito e ter classificado na época da rejeição da Câmara, em entrevista a Rádio Povo AM, única emissora de rádio da cidade, que a reprovação de suas contas teria sido ”uma traição”, vinha mantendo o silêncio sobre a administração de Martinelli. Mas nesta terça-feira, após repercussão negativa do seu nome na lista dos sujeitos a inegibilidade, o ex-prefeito resolveu desabafar. Moreira falou para o programa Primeira Página, da Rádio Povo. Ele diz ser pré-candidato a prefeito, afirma que ainda não foi julgado e que os seus advogados estão lhe garantindo condições plenas de disputar a sucessão municipal de Jaguaquara em 2016. ”Estou junto com a assessoria jurídica aqui em Salvador, que está acompanhando, me dando tranquilidade e me garantiu que existe uma brecha no TSE que pode deixar esses prefeitos elegíveis. Eu não tenho um pingo de dúvida e sou candidato. Jaguaquara pode esperar, pode ter certeza disso. Eu estou vendo a tristeza do povo, a falta que o povo de Jaguaquara está sentindo de um abraço. Infelizmente, eu incomodo muita gente, porque sou o mais forte daí. Tenham certeza, de que sou mais amado do que odiado. Todo mundo sabe que as minhas contas foram rejeitadas porque empreguei o povo de Jaguaquara, e quando eu vou voltar, vou dar emprego ao povo e as minhas contas vão ser rejeitadas de novo. Não vou deixar o povo desempregado. Até que saia a decisão da justiça, que eu não fui julgado ainda, sou candidato”, acredita o ex-prefeito, que já se inseriu na disputa, mesmo não tendo a certeza que poderá concorrer a cargo eletivo. E continua: ”Quem rejeitou minhas contas, o povo de Jaguaquara sabe, foi quem eu mais ajudei. Quem rejeitou minhas contas, foi uma meia dúzia de vereadores, comungando com alguém aí, e o povo de Jaguaquara sabe que esses vereadores foram os que eu mais ajudei, mas nós vamos dar a resposta nas eleições”, alfineta Ademir os vereadores ligados ao prefeito Giuliano, que opinaram pela reprovação de suas contas. O ex-gestor ainda aproveitou para cutucar Giuliano: ”O prefeito que está aí, todo mundo sabe que fui eu que fiz ele prefeito. Ninguém conhecia, ninguém sabia quem era. Botei debaixo do braço e fiz prefeito, como fiz vários vereadores”, afirma Ademir, que tachou Martinelli de desconhecido. Curioso é que, ambos, Ademir e Giuliano, são membros de um só grupo, liderado pelo cacique do PP, João Leão. Comenta-se que as declarações de Ademir fazem parte de uma estratégia da articulação política de Leão para fortalecer a base na maior cidade do Vale do Jiquiriçá a fim de fragilizar os adversários. Nomes como o do ex-prefeito Osvaldo Cruz, ainda sem partido, e que circula bem na área da saúde, além do empresário e ex-candidato a prefeito, derrotado em 2012 por uma pequena diferença de votos, Ricardo Leal do PT, que mesmo enfrentando processo eleitoral que o torna inelegível diz ser pré-candidato, são as apostas das oposições para 2016. *Por Marcos Frahm