Em 1963, o PSD achou que o presidente João Goulart não queria eleições. Resolveu forçar a barra e lançar logo o “JK 65”. Marcaram a convenção nacional. Mas havia uma encruzilhada difícil. O PSD não podia ficar contra as “reformas de base” porque o país estava emocionalmente conquistado para elas. Mas também não queria ficar abertamente a favor, para não perder suas bases latifundiárias, sobretudo os coronéis de Minas, do Nordeste e do Centro-Oeste.
Durante uma semana Juscelino e seu staff discutiram o discurso da convenção. Terminou escrito a seis mãos, dentro da mais fina sabedoria pesedista mineira. Tinha até a fraudulenta frase famosa:
– “Vamos fazer as reformas sem reformar a bandeira nacional”.
Na tarde da convenção, chegaram ao Rio os delegados dos Estados. Um deles fincou o pé:
– Só voto se ler antes o discurso do candidato.
Juscelino achou um desaforo, ficou irritado, vieram as ponderações: o delegado era importante líder estadual, mostraram o discurso. O líder estadual ficou uma fera:
– Então é isto? Então o País quer uma reforma total de suas estruturas e nosso candidato vai fazer esse discurso flor de laranja? Não voto e meu Estado não vota. Temos que apresentar uma mensagem radical. Como as massas estão exigindo.
Foi um corre-corre. Amaral Peixoto e a cúpula do PSD foram para a casa de Juscelino, mexeram no discurso, puseram umas frases radicais de efeito, o líder estadual gostou, aprovou, o discurso foi lido. Eu estava lá.
O líder estadual que radicalizou o discurso de Juscelino (e foi esse o principal pretexto para a cassação do ex-presidente logo depois no golpe militar de 64) chamava-se Paulo Guerra, do PSD de Pernambuco e vice-governador de Miguel Arraes. Quando veio o golpe, Arraes foi preso em Fernando de Noronha e Paulo Guerra posto no governo de Pernambuco.
RENAN E CUNHA
O PMDB está em pé de guerra. Renan e Eduardo Cunha atacam Dilma por causa da injustiça do ajuste fiscal que come os direitos dos trabalhadores e da traição da lei da Terceirização. Michel Temer defende a Presidente sem convicção nenhuma. No Senado e na Câmara o governo perde todas as votações. Dilma não abriu a boca no 1º de maio com medo de mais um panelaço e o PT se esconde com medo de ir para a cadeia.
São filhos do PSD. Não largam o osso do poder.
A QUEBRA DA PETROBRÁS
No início do governo de Dilma Rousseff, em 2011, a dívida da Petrobrás era de R$ 115 bilhões, hoje é de R$ 351 bilhões. Uma empresa sólida e lucrativa foi quebrada e levada a um estágio de quase ruína. E farta e imoral publicidade anestesia a consciência crítica dos brasileiros.
Os governos Lula e Dilma capturaram a Petrobrás para seu sórdido projeto de 20 anos de poder e produziram o desastre. Há um século, o pioneiro do petróleo nos EUA, John D.Rockefeller disse uma verdade que nem por ser tão repetida perdeu a atualidade:
-“O melhor negócio do mundo é uma refinaria bem administrada; o segundo melhor negocio é uma refinaria mal administrada; o terceiro é uma refinaria pessimamente administrada”.
DILMA
O lúcido e bravo jornalista Josias de Souza, em seu “blog” (em 23/04/2015), registrou sem qualquer contestação:
– “A ruína da Petrobras tem nome(s): Lula e Dilma. A Petrobras, por delegação de Lula, está sob a alçada de Dilma desde a chegada do PT ao governo, em janeiro de 2003. Primeiro, foi ministra das Minas e Energia, de cujo organograma pende a Petrobras. Depois acumulou as atribuições de supergerente da Casa Civil com a presidência do Conselho de Administração da Petrobras. Em seguida, como presidente da República”.
LULA
Em 7 de outubro de 2010, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro,o então presidente Lula da Silva discursava:
– “No nosso governo a Petrobras é uma caixa branca e transparente. A gente sabe o que acontece lá dentro. E a gente decide muitas coisas que ela vai fazer”.
JANOT
Demonstrando que a Petrobras foi vítima de bandidagem e vigarice, onde o cinismo e a rapinagem passaram a ser programa de governo, o honrado Procurador Geral da Republica, Rodrigo Janot, disse:
– “Essas pessoas roubaram o orgulho dos brasileiros”.
AJUSTE
O ajuste fiscal está abalando os alicerces do governo Dilma. Até fieis aliados, como Renan Calheiros, já não aguentam mais calados o embuste:
– “O Congresso está ao lado dos trabalhadores e não será um mero espectador do ajuste fiscal. O Congresso é o próprio fiscal do ajuste. Ajuste que penaliza o trabalhador é desajuste”.
*Por Sebastião Nery