Como serão as próximas manifestações?

JornalistaOsvaldo

Os protestos realizados no dia 15 de março surpreenderam ao levar milhares de pessoas para as ruas de todo o país. Organizadas por diferentes grupos, através das redes sociais, as manifestações pretendem repetir, no próximo domingo, dia 12, o movimento contra a corrupção, pela defesa da Petrobras e pela saída do PT e da presidente Dilma Rousseff do poder. A dúvida, que paira do Oiapoque ao Chuí, é a dimensão que as próximas mobilizações terão. Isso, porque, se o atual cenário de instabilidade no entorno do Planalto se mantiver, a tentativa de reação do governo federal, por meio de uma agenda positiva, encontrará ainda mais dificuldades.

O MBL – Movimento Brasil Livre – fechou mês passado a manifestação em 40 cidades brasileiras. Hoje, são 152 confirmadas, com previsão de aumentar esse número até domingo. Para a Bahia, a expectativa é que o movimento surpreenda positivamente. Segundo Ricardo Almeida, coordenador do MBL no estado, haverá o aumento considerável das cidades participantes. Além de Salvador, já estão confirmados protestos em Irecê, Camaçari, Pindobaçu, Campo Formoso, Senhor do Bonfim, Ilhéus, Itabuna, Juazeiro e Vitória da Conquista. Até domingo, outras cidades poderão confirmar participação.

Outra aposta, na visão dos organizadores do MBL, se dá devido ao caráter unificado dos protestos. Diferente da primeira edição, em que ocorreram atos pela manhã e pela tarde, agora, a concentração se dará somente às 9h, no Farol da Barra. Ricardo Almeida diz que não é possível dimensionar o real tamanho dessa mobilização, mas que ela será ampliada, sobretudo, devido à repercussão do primeiro protesto.

Diferente dos atos do dia 15, onde havia uma pauta difusa, os organizadores do movimento esperam fortalecer, para o próximo domingo, bandeiras como o impeachment da presidente Dilma; a redução no número de ministérios; o início de uma investigação consistente no BNDES; e o afastamento do ministro Dias Tófolli do caso do Petrolão (devido às relações estreitas mantidas entre ele e petistas, como o ex-ministro José Dirceu). Os integrantes do MBL dizem ainda que vão protestar contra o Foro de São Paulo, apontado por eles como a mais vasta organização política que já existiu na América Latina. Dele participam todos os governantes esquerdistas do continente e uma centena de partidos e organizações ligadas ao narcotráfico, a exemplo das Farc, todas empenhadas numa articulação estratégica comum e na busca de vantagens mútuas.

Já o movimento “Vem Pra Rua”, um dos que convocaram a mega-manifestação do dia 15, adotou uma palavra de ordem clara e sem ambiguidades: “Fora Dilma”. É o que se deverá ouvir no novo protesto. Rogério Chequer, um dos coordenadores do movimento, não teme que o “Fora Dilma” se confunda com uma radicalização do movimento. Para ele, não se trata de radicalização, quando se cobra o império da Constituição e das leis”.

Para Ricardo Almeida, coordenador do MBL na Bahia, o governo petista teme o cruzamento de dois fatos políticos no momento: as ruas tomadas por protestos e a forte queda na popularidade da presidente da República. Com isso, pessoas ligadas à esquerda e à direita aguardam ansiosos pela resposta das ruas, para saber como a população vai se comportar diante desse cenário. Até porque, como disse o próprio organizador do MBL, é a aceitação da população, sobretudo, a mais carente, que fortalece a luta contra a corrupção e os desmandos de integrantes do PT. A conferir.

Por Osvaldo Lyra